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WTorre rompe contrato com a AEG e assume gestão de arena do Palmeiras

A WTorre, responsável pela construção do estádio do Palmeiras e dona dos direitos de exploração do Allianz Parque, rompeu o contrato com o grupo americano AEG, maior gestor de arenas e estádios do mundo. As duas companhias, que assinaram memorando de entendimentos em setembro de 2011, já não falam a mesma língua há alguns meses.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a WTorre decidiu romper o contrato porque estava descontente com os rumos da parceria com a AEG. O grupo americano não estaria cumprindo o combinado, que era atrair patrocinadores e organizar grandes eventos na arena. “Eles são conhecidos internacionalmente pelo know-how (experiência) em grandes eventos, mas não tinham sequer um plano de gestão para o Allianz”, afirmou uma fonte próxima à construtora. “Vários executivos da AEG foram trocados desde que o acordo foi feito.”

No dia 4 de fevereiro, o escritório de advocacia que representa a WTorre, o Tepedino Advogados, enviou uma notificação à AEG informando que aguardava um reunião para tratar de pendências com o grupo americano. O documento, obtido pelo jornal, pede a assinatura formal de um distrato (rompimento de contrato), caso fosse de interesse da multinacional.

A construtora argumenta, entre outras coisas, que foi “surpreendida” pela AEG no início do ano com a “cobrança de R$ 5,112 milhões, referentes a taxa de administração, patrocínio e reembolsos, previstas no termo de compromisso assinado pelas partes, para a gestão do Allianz Parque”.

No mesmo documento, o escritório rebate a cobrança, argumentando que as duas companhias já teriam chegado a um acordo para rediscussão de estratégia entre as partes, “em vista dos inúmeros descumprimentos (do contrato)” por parte da AEG.

Um dos pontos mais sensíveis foi a transferência do show da banda Rolling Stones para o Estádio do Morumbi. A AEG tem exclusividade global na promoção desta turnê. A WTorre diz ter sido informada da mudança pela imprensa.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a Real Arenas, empresa da WTorre, teria pago cerca de R$ 20 milhões pelos serviços da AEG e que o grupo teria se comprometido a levantar até R$ 40 milhões em patrocínios com eventos, mas nem 5% desse valor foi levantado.

Um ex-executivo da AEG, que não quis identificar, disse ao jornal que a AEG fez diversas trocas de executivos no País desde 2011 e a empresa também teve problemas em outras arenas, citando o caso da Arena da Baixada, cuja parceria também não foi adiante.

“Houve uma frustração de expectativas. De um lado, a WTorre esperava que a AEG fizesse uma gestão parecida com a que eles fazem nos EUA e em Londres. E do outro lado, a AEG não imaginava que fosse encontrar tantos problemas no mercado brasileiro. Mas gerir negócios no Brasil não é como em outros países.”

Procurada, a WTorre confirma o rompimento do contrato, mas não quis se manifestar sobre o assunto. O presidente da AEG no Brasil, Venâncio de Castro, afirmou que não assinou qualquer distrato até agora. “O que fizemos foi oficializar uma cobrança e, como não recebemos até agora, suspendemos o serviço.” Na segunda, a empresa retirou da arena seu principal executivo, Alexandre Costa, que era quem fazia a gestão de mais de 25 fornecedores no estádio, entre empresas de limpeza, iluminação e manutenção do gramado.

O trabalho executado por essas firmas terceirizadas não será descontinuado porque os contratos foram firmados diretamente com a Real Arenas, da WTorre. “A gestão desses serviços é que está sendo suspensa”, explica Castro. Ele não deu detalhes sobre o valor devido pelo grupo brasileiro, fundado pelo empresário Walter Torre, hoje presidente do conselho de administração. Também não quis mencionar por quanto tempo a empresa deixou de fazer o pagamento.

“Somos referência global na gestão de arenas e gostaríamos muito de continuar no Allianz Parque”, respondeu o executivo ao ser questionado sobre o caráter da suspensão, se seria temporária ou definitiva.

A comunicação entre as duas companhias não vem bem há algum tempo. O irônico é que os principais executivos da WTorre e da AEG trabalham quase que lado a lado, já que as empresas dividem o quarto andar e a mesma recepção de um prédio na Vila Olímpia, em São Paulo.

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