Ídolo do Barcelona e atual treinador do Al-Sadd, do Catar, o espanhol Xavi Hernández reafirmou o desejo de treinar o clube catalão, mas com a condição de começar um trabalho "do zero" e com liberdade para tomar decisões.
Em entrevista concedida ao jornal La Vanguardia, Xavi se pronunciou pela primeira vez desde que recusou a proposta de treinar o Barcelona após a saída do técnico Ernesto Valverde. Ele explicou o motivo da recusa, dizendo que não tem a intenção de pegar um time no meio da temporada.
"É claro que quero voltar ao Barça, estou animado, me traz muita esperança. Anos atrás, poderia me trazer certo respeito, mas agora que já me vi treinando, acho que posso trazer coisas para os jogadores. Mas deixei claro a eles que eu estava em um projeto que começou do zero, e no qual a tomada de decisões foi minha", explicou.
Nesse sentido, Xavi enfatizou que deseja trabalhar com pessoas de sua confiança "com quem há lealdade", e admitiu que, entre eles, estão os ex-jogadores Carles Puyol e Jordi Cruyff, atual técnico da seleção do Equador.
"Estamos falando de Carles Puyol, que era capitão do Barça, e Jordi Cruyff, muito bom negociador e com muita experiência técnica", afirmou. "Sou muito de equipe, não quero decidir sozinho. Aqui tomamos decisões com a equipe. É uma estrutura
horizontal, com consenso. Embora a última palavra seja a minha", acrescentou o espanhol.
O treinador também esclareceu que não quer que haja influências políticas no vestiário quando ele dirigir o Barcelona, em crítica indireta à gestão do atual presidente Josep Maria Bartomeu, com quem garantiu ter uma boa relação. Ele disse que se dá bem com Vícton Font, possível candidato à presidência, e considera que "tudo tem que encaixar", desejando que haja sintonia entre todos no clube.
"No vestiário não pode haver efeitos negativos, tóxicos. Tudo tem que encaixar. Eu gostaria de estar com pessoas do meu ambiente para formar uma boa equipe", declarou. "Estarei com todos que amam o Barça".
Questionado sobre o seu "time dos sonhos" no Barcelona, Xavi elogiou jogadores do elenco atual, como Ter Stegen, Jordi Alba, Busquets, Messi e Suárez, além de De Jong e o brasileiro Arthur, e revelou que pediria a contratação de Neymar.
"Eu contrataria extremos, tipo Neymar. Não sei se ele se encaixaria na questão social, mas no futebol não tenho dúvidas de que seria um reforço espetacular", analisou o ídolo catalão, que citou outros atletas que, em sua visão, poderiam se destacar no Barcelona. "O Barça já tem um jogo por dentro, mas faltam extremos como tem o Bayern de Munique", destacou, citando o alemão Serge Gnabry, do Bayern, e o inglês Jadson Sancho, do Borussia Dortmund.