O terreno do futuro Parque Vila Ema entrou em fase de desapropriação. A abertura do espaço no distrito Água Rasa, na zona leste da cidade de São Paulo, é reivindicada há mais de 12 anos pela população da vizinhança. O espaço é formado majoritariamente por um bosque com espécies nativas da Mata Atlântica.
O decreto de desapropriação e utilidade pública foi publicado no <i>Diário Oficial</i> do município de 11 de novembro, assinado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Procurada, a gestão municipal disse que o cronograma de implementação será definido após a "finalização do processo de desapropriação". O terreno do futuro Parque Vila Ema fica na avenida de mesmo nome, a uma quadra da estação Oratório, da Linha 15-Prata, do monotrilho.
Em nota, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) afirmou que a área foi avaliada com o custo de R$ 3,6 milhões. A Prefeitura chegou a discutir a possibilidade de transferência de potencial construtivo, feita no acordo do Parque Augusta e pela qual a construtora manifestou interesse, porém, internamente, o processo tem se encaminhado para virar uma ação de desapropriação, pela qual está prevista a reserva financeira dos R$ 3,6 milhões.
Como ocorreu no Parque Alto da Boa Vista, a abertura poderá ser faseada. A primeira etapa envolve um projeto mais básico, de limpeza do espaço, implantação das instalações para a administração e os funcionários e a colocação de bancos, playground e aparelhos para exercícios ao ar livre.
O terreno tem 17,3 mil metros quadrados, dimensão semelhante à do Parque Augusta, por exemplo. Do total de área, 12,6 mil metros quadrados são compostos por um bosque heterogêneo, em parte com espécies nativas.
A preservação desse espaço é indicada no Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, por reunir remanescentes do bioma. Ao todo, são cerca de 70 espécies nativas, algumas raras e ameaçadas, como o palmito-juçara, o pinheiro-do-paraná e o cedro. Também há exemplares exóticos com potencial invasor (prejudicial à flora nativa), que precisarão ser removidos.
O distrito da Água Rasa não tem um parque municipal. Como o futuro Parque Vila Ema está a cerca de um quilômetro de outro bosque heterogêneo de dimensão semelhante, no Parque Ecológico Professora Lydia Natalizio Diogo, na Vila Prudente, juntos formam um "corredor ecológico" para a fauna do entorno.
Segundo dois relatórios considerados pelo município, ao menos 42 espécies de fauna foram identificadas no futuro parque. A lista inclui duas aves endêmicas de Mata Atlântica (o tucano-de-bico-verde e o periquito-rico) e outras duas na lista estadual de ameaçadas (maracanã-pequena e papagaio, a última na categoria "quase-ameaçada").