Economia

Zoomp volta ao mercado em meio a emaranhado de processos judiciais

Uma das grifes de moda mais famosas das décadas de 1980 e 1990, a Zoomp volta oficialmente ao mercado hoje, com 105 modelos masculinos e femininos que serão vendidos em 180 lojas multimarcas pelo Brasil. A campanha de relançamento da Zoomp tem o rosto de Anna Cleveland, 24 anos, filha de Pat Cleveland, musa de Salvador Dalí.

A Zoomp volta pelas mãos de Alberto Hiar, 52 anos, do grupo familiar K2, dono, entre outros negócios, da marca Cavalera, empresa de moda que tem 37 lojas próprias e está presente em 800 pontos de venda multimarca. Antes de criar a Cavalera, Hiar começou no mundo da moda ainda adolescente, ao montar sua primeira estamparia de camisetas.

No ano passado, a K2 fechou a compra da marca – sem os ativos imobiliários – por R$ 20 milhões, em um leilão realizado dentro do processo de recuperação judicial da empresa. Do total, pagou R$ 5 milhões de sinal e se comprometeu a quitar o restante 180 dias depois – o que ainda não ocorreu.

O êxito do retorno da Zoomp ainda é incerto, tanto por questões de mercado quanto por problemas particulares da marca. Uma das dificuldades é a economia, já que o Brasil vem de dois anos de recessão e vive um momento de desemprego alto e queda na renda real. Além disso, a dona da Cavalera constatou que os antigos donos teriam continuado a operar a marca de maneira inadequada.

Segundo o advogado do grupo K2, Marcus Vinicius Perello, de 58 anos, foram encontradas calças com o ícone da Zoomp – um raio – sendo vendidas na varejista popular americana Walmart por apenas R$ 50. Enquanto isso, o preço médio dos jeans da nova coleção será de R$ 400. Por isso, a K2 foi à Justiça para não ter de pagar o restante do valor referente à compra da marca.

Embora tenha sido uma “febre” da geração das pessoas que hoje têm mais de 40 anos, os últimos anos da Zoomp não foram de glamour. Quando a K2 fechou a aquisição da marca, a companhia já estava em recuperação judicial. Mas os credores da companhia não aceitaram a decisão da Justiça que desvinculou a compra da marca dos demais ativos, como os imóveis.

Por isso, eles entraram com recurso contra a transferência da marca para a K2, que ainda não foi julgado em tribunais superiores. A K2 diz que esse é o segundo motivo para não ter pago o restante do valor da marca. Ela teme que, em caso de decisão desfavorável, não consiga reaver o montante.

A dívida da Zoomp supera R$ 100 milhões, e a ideia era incluir os imóveis na venda para aumentar o valor a ser arrecadado. Além disso, os credores consideram baixo o valor de R$ 20 milhões que a K2 pagou pela marca. Isso porque um laudo de 2010 estabeleceu o valor da Zoomp em R$ 66 milhões.

O pedido da K2 para suspender o pagamento dos R$ 15 milhões restantes foi indeferido judicialmente. Agora, a estratégia da empresa, segundo seu advogado, é “esperar a decisão final para evitar prejuízo”. A Justiça determinou que a quitação fosse feita até 12 de junho, mas Perello entrou com novo recurso.

Segundo Thiago Peixoto Alves, advogado dos antigos donos, a proprietária da Cavalera corre o risco de “perder a marca e ainda pagar uma multa”. Antes de ser arrematada pela K2, a Zoomp pertencia à Identidade Moda, que havia comprado, em 2006, a marca do criador Renato Kherlakian, que tocava o negócio desde 1974.

Caminho

O retorno da Zoomp está dando mais trabalho a Hiar do que ele esperava. As negociações para adquirir a marca começaram em 2015, depois que o empresário fez uma pesquisa e constatou que, entre as grifes do passado, a Zoomp era a mais lembrada e ainda tinha imagem positiva. “A ideia é resgatar a grife mais importante do jeanswear e também um tempo de glória da moda brasileira.”

Segundo o empresário, a Zoomp foi inspiração da primeira estamparia de camisetas que ele abriu, aos 17 anos. Nessa época, Hiar fazia propaganda de produtos na TV gritando “O Turco ficou louco!” – apesar de ser filho de libaneses, criado em Heliópolis, zona sul de São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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