Hollywood sempre teve o hábito de criar sequências de seus grandes sucessos. Exemplos, que vão de Star Wars aos filmes do 007, mostram que, mesmo que a história tenha poucas possibilidades de continuação, sempre se pode fazer "prequels", ou seja, criar um filme com histórias de antes do que se passou no filme original. Seguindo esta tendência, com algumas ressalvas, está "Planeta dos Macacos – A Origem", que estréia esta semana nos cinemas. Vale lembrar que o filme original "Planeta dos Macacos", de 1968, estrelado por Charlton Heston, teve suas continuações – mais especificamente outros quatro filmes com elencos diferentes do original – e até mesmo uma refilmagem em 2001, dirigida por Tim Burton ("Alice no País das Maravilhas"). A trama inicial trata de um astronauta que, após um acidente, cai num planeta dominado por uma civilização de símios bípedes, que usa os humanos como escravos. Eventualmente, o protagonista ajudará os humanos a tentar uma rebelião contra a dominação dos macacos. Nos filmes seguintes, o evidente tema do preconceito foi visto por vários ângulos, tendo inclusive uma versão similar à atual.
Assim, na nova produção, o cientista Will Rodman (James Franco, de "Homem Aranha") pesquisa a cura para o mal de Alzheimer fazendo testes com animais. Como resultado, nasce o supermacaco César ("interpretado" por Andy Serkis, em um trabalho similar ao que fez em "O Senhor dos Anéis" e em seu segundo primata não-humano desde "King Kong"). Com inteligência superior e propriedades de fala, ele termina se afeiçoando à família de Will, principalmente com o pai do cientista, demonstrando sua "humanização". Se os momentos em que César mostra seus sentimentos impressionam pela tecnologia (a mesma usada em "Avatar"), o fato de o animal também sentir raiva e rancor será o estopim para os problemas da humanidade. A criatura se volta contra seus criadores quando mudanças nos planos da empresa que financiava as pesquisas coloca César com os macacos comuns. Sentindo-se traído e sozinho, o macaco começa a arquitetar uma revolução. Ele escapa de seu cativeiro, rouba o soro que lhe deu suas habilidades especiais e "contamina" outros primatas com ele.
Se as metáforas dos filmes anteriores tratavam das várias formas de preconceito e dominação, o recomeço com César (o nome do imperador romano havia sido usado pela primeira vez em 1972, no filme "A Conquista do Planeta dos Macacos") vai desde o mito da caverna, em que o conhecimento liberta os alienados até a revolta daqueles que até então eram tratados como inferiores. Nota-se também algumas rupturas em relação à caracterização da história: pela primeira vez, os macacos são criados digitalmente e não através de maquiagem como nas produções anteriores. "A Origem" também mantém um tom mais realista, deixando as viagens espaciais de lado e focando em possibilidades mais reais (ao menos neste filme, já que a Fox já pensa em continuações). O elenco conta ainda com Brian Cox ("Red", "X-Men 2") e Tom Felton (franquia "Harry Potter") como os vilões responsáveis pela revolta dos símios e Freida Pinto ("Quem Quer Ser Um Milionário?") como o interesse romântico do protagonista. No final de julho, quando estreou nos EUA, a produção deixou "Os Smurfs" em segundo lugar, fazendo US$ 54 milhões somente em seu primeiro fim de semana.
Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes) – EUA, 2011. Ficção Científica. Direção Rupert Wyatt. Com James Franco, Freida Pinto, John Lithgow, Brian Cox (3), Tom Felton, David Oyelowo, Tyler Labine, Jamie Harris, David Hewlett, Ty Olsson, Madison Bell, Makena Joy, Kevin OGrady, Sean Tyson, Jack Kuris. Distribuição Fox.