Opinião

Câmara Municipal, uma Casa cada vez mais incipiente


Inicio este texto com um desafio aos 34 vereadores que hoje, por força de votos que receberam da população dois anos e quatro meses atrás, compõem os quadros da Câmara Municipal de Guarulhos. O que essa Casa de Leis está fazendo, de concreto, para honrar seu papel perante os 1,2 milhão de habitantes desta cidade? Antes que venham com as velhas balelas de sempre, de que estão lá para representar o povo, para fazer leis de interesse da população, que vão às sessões para debater problmas reais da cidade, que servem de elo de reivindicações junto ao Executivo, espero que os nobres parlamentares parem um pouco para refletir sobre os verdadeiros papéis que têm junto à sociedade.


No trecho anterior, propositadamente nem foi citado o papel de fiscalizador do Poder Executivo, já que – de sã consciência – sabe-se que os parlamentares atuais (salve pouquíssimoas exceções) iria dar esse argumento, tamanha é a subserviência da Casa perante à Prefeitura. Lógico que existe uma meia dúzia (ou um pouco mais) que tenta fazer barulho, mas se mostra inepto perante a força, em forma de cargos, imposta pelo Bom Clima. O próprio presidente, o vereador Eduardo Soltur, conforme cansou de noticiar o Guarulhos Hoje, é um grande fornecedor da Prefeitura, numa relação quase que incestuosa para não dizer indecente do ponto de vista moral. Aliás, os demais pares, quando consultados, disseram não ter nada demais neste fato.


Pois bem. No terceiro ano de mandato dos atuais vereadores, nada de relevante foi feito por eles. Apenas alguns projetos de lei aprovados, várias deles vetados pelo prefeito, sem grandes emoções. Quando a Câmara bateu forte contra a implantação do novo sistema de transportes, bastou o Executivo engrossar a voz para que a proposta passasse com algumas poucas modificações. Na prática, vislumbra-se que a cidade acabou perdendo. Houvesse uma ação efetiva dos parlamentares, Almeida teria que rever suas intenções e a população não acabaria sacrificada como agora. E quando uma voz solitária propõe investigar esse novo sistema, ela acaba massacrada pela imensa maioria, contemplada com cargos e benesses do Executivo.


O presidente da Casa chama a imprensa para denunciar uma sabotagem nos arquivos eletrônicos da Casa, mas se nega a chamar a polícia para denunciar o crime cometido. Acredita que tudo possa ser resolvido entre quadro paredes no melhor estilo “vamos deixar tudo como está”. Ora, se não é para fazer algo de concreto, com punição exemplar, para que então ficar promovendo entrevista coletiva? Dizem que é em nome da transparência administrativa. Ah, sim.


O mandato dos atuais vereadores extrapola a segunda metade. E passa da hora deles pararem de fingir que trabalham em prol da população. Assim, como a população não pode continuar fingindo que os milhões dispendidos pela Casa de Leis todos os anos têm um fim nobre. Política é coisa séria e deveria ser exercida por gente que deveria honrar os votos que recebeu. Essa história de faz-de-conta dói na alma daqueles que levam o assunto a sério.


 

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