Opinião

Exageros na defesa das minorias

No afã de defender as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que teriam sido chamadas pelo ex-ministro Nelson Jobim de “fraquinha” e “de nem conhecer Brasília”, respectivamente, duas parlamentares acabaram por serem ridicularizadas pelo articulista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, em seu blog, no último sábado. Uma delas, por coincidência é a deputada federal guarulhense Janete Pietá (PT). Os argumentos do jornalista revelam um grande exagero que ocorre no Brasil, quando busca-se defender determinadas minorias, sem a devida propriedade.


Junto com a senadora Ângela Portela (PT-RR), presidente da Subcomissão Permanente em Defesa da Mulher do Senado, a deputada guarulhense, coordenadora da bancada feminina na Câmara, divulgaram uma nota de repúdio à declaração atribuída a Jobim. Sem defender os atributos profissionais das ministras que teriam sido atacadas, as parlamentares preferiram  versar sobre as motivações subjetivas que teriam levado o então ministro a supostamente dizer o que disse.


Dizia a nota: “Queremos expressar nosso repúdio pela violência de um ministro que sempre desfrutou de todo o respeito e consideração das bancadas femininas na Câmara e no Senado Federal e que, pelo ataque verbal desnecessário, poderá criar um clima conflituoso que em nada contribuirá para a construção da Democracia Brasileira”.


Ora, as parlamentares fazem uma avaliação distorcida, já que consideram que Jobim – por ser homem – não teria o direito de criticar as mulheres. Por essa ótica, o editor da Veja – que considerou a manifestação um “besteirol sem limites” – aponta que trata-se de um caminho tortuoso, já que, seguindo essa lógica, somente gays poderiam falar sobre gays, negros sobre negros, índios sobre índios e assim por diante.


Ou seja, alguns parlamentares perdem a noção de seus papéis perante a sociedade, causando um novo tipo de sectarismo, o que acaba por incitar diferenças que, em tese, nem deveriam existir. Pior: estabelecem uma vigilância arcaica sobre tudo que se fala ou se escreve neste país. Em nome desse politicamente correto, alimenta-se um clima de censura e de caça às bruxas sob a luz de um regime dito democrático. Lamentável.

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