Desde as primeiras horas do dia 1º deste ano não se fala outra coisa em Guarulhos que não seja o caos causado com a inauguração da Cidade Mundial pela Igreja Mundial do Poder de Deus. A cada momento, surge um fato novo que só piora a situação, revelando – mais uma vez – que a falta de planejamento urbano é um dos principais problemas das grandes cidades. Lamentável inclusive que a abertura desse templo tome tanto espaço nos debates como se o município não tivesse outros problemas maiores a serem resolvidos. Bastaria que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano agisse com bom senso e nada disso estaria acontecendo.
Com todas as notícias veiculadas, inclusive sobre a falta de estrutura interna para receber tamanho contingente de fiéis, chega-se fácil à conclusão de que a liberação do templo para a realização de megaeventos foi um tanto precipitada. Nada contra a seita e seus integrantes. O crescimento da Igreja Mundial é flagrante. Natural que seus responsáveis buscassem um local para reunir seus seguidores. Como havia essa área disponível em Guarulhos, houve uma negociação e a aquisição do imóvel.
Porém, caberia à Prefeitura de Guarulhos exigir contrapartidas para que o município não fosse penalizado, além da perda na arrecadação de impostos, com a saída de uma grande empresa do local. É notório que o imóvel não cumpre as mínimas exigências para suportar, como a própria igreja faz questão de divulgar, 150 mil pessoas. Não há saídas de emergência, sanitários à disposição, entre outros equipamentos para garantir o mínimo de segurança.
Felizmente, apesar de uma série de erros, não ocorreu uma tragédia maior, já que nem mesmo o acesso de ambulâncias ao local era possível, devido ao trânsito.
Antes tarde do que nunca, ainda é tempo de reverter o quadro. Outro megaevento está marcado para ocorrer no local no dia 13. Será uma vigília que começará na sexta-feira à noite. Se nada for feito, o caos irá se repetir. Espera-se que as autoridades privilegiem os interesses coletivos. Guarulhos não pode ser penalizada de novo com o caos no trânsito de todo o entorno. Talvez, a própria Igreja Mundial – em nome da preservação da vida de seus fiéis – possa rever a realização deste evento ou, pelo menos, promover obras emergenciais a fim de garantir o mínimo de segurança.