A presidente Dilma Rousseff (PT) não cansa de alcançar altos índices de popularidade apesar de, até aqui, em 15 meses de mandato, ter perdido mais de uma dezena de ministros, a maioria deles envolvidos em denúncias de corrupção e malfeito, termo que ela adora utilizar. O que poderia ser uma contradição acaba sendo munição de marketing para ela própria, a ponto de ela ser citada como modelo para o mundo, segundo palavras de ninguém menos do que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
A mulher forte do governo americano afirmou que o empenho da presidente Dilma na luta contra a corrupção “criou um padrão para o mundo”. Ela fez o comentário na abertura das discussões da 1ª Conferência Anual de Alto Nível da Parceria para um Governo Aberto, que reúne líderes de 53 países na capital federal.
Hillary afirmou que “os governos que se escondem do público, que descartam a ideia de abertura” no futuro “terão mais dificuldade para manter a segurança”. Segundo a secretária americana, “a corrupção mata e destrói o potencial dos países. Tira a motivação das pessoas.” Os elogios são emblemáticos e merecem destaque ainda mais porque ela prega algo que vai um pouco contra o que integrantes desse governo andam pregando: a liberdade de expressão. “Achamos que quando a população pode se expressar, nós fazemos melhor. A vontade política é que determina se prestamos conta ou não”.
Assim, espera-se que a luta contra a corrupção extrapole os discuros e vá para a prática e que se encerre as velhas ladainhas de pregadores do controle social da mídia. Não existe democracia, nem tampouco, combate às mazelas cometidas pelos governos, independente de seus partidos, sem uma imprensa livre. Não fossem as denúncias por parte da mídia, a presidente Dilma teria ainda em sem primeiro escalão gente que, comprovadamente, estava em lugar errado. Se há efetivo combate à corrupção, deve-se sim dar crédito também à liberdade de imprensa ainda vigente neste país.