Contrariando uma tendência que se espalha por todo o Brasil, os vereadores de Guarulhos – sobretudo aqueles que compõem a base de apoio ao governo na Câmara – jogaram por terra o projeto Ficha Limpa municipal, proposto pelo vereador Guti (PV). Seguindo o PL aprovado em 2010 no Congresso, proibindo políticos ficha suja de participar de eleições, diversas casas de leis de vários estados e cidades brasileiras passaram a elaborar legislações própria estendendo para o funcionalismo público restrições parecidas. Algo natural em um país que busca, de todas as formas possíveis, moralizar as coisas públicas.
No entanto, apesar de ser aprovado em primeira votação, o PL de Guti acabou arquivado na última quinta-feira após uma manobra orquestrada por parlamentares da base que, curiosamente, se manifestam publicamente a favor da medida mas “só no quintal do vizinho”. Sim, conforme alegaram alguns vereadores, se adotada, a ficha limpa municipal poderiam tirar da administração muitos funcionários nomeados, admitidos antes da determinação, mas com contas a acertar na Justiça. Em nome desses companheiros de trabalho, não seria de bom tom – principalmente em ano eleitoral – promover esse tipo de ação.
Curiosa inclusive foi a declaração do líder do governo na Casa, vereador José Luiz. Ele garantiu ser a favor do projeto, que não votaria contra, porém esse é um assunto não pertinente à discussão do município. “Estou defendendo o princípio das pessoas terem direito a exercer cargo público, por esse motivo não podemos aprovar uma legislação restritiva de oportunidade das pessoas”. Contraditório? Assim como o próprio resultado da votação, já que ninguém se manifesta contrariamente a algo que tem apelo popular mas não político.
Desta forma, Guarulhos – remando contra a maré – perde a oportunidade de tentar moralizar a administração pública. Prevalece os interesses daqueles que usam a máquina pública como ferramenta política. Lamentável.