Mesmo com pressão no dólar, Bolsa fecha em alta de 0,60%, a 114.850,74 pontos

Em dia de vencimento de opções sobre ações, o Ibovespa teve uma abertura de semana moderadamente positiva, com giro financeiro a R$ 52,1 bilhões. O índice fechou em alta de 0,60%, aos 114.850,74 pontos, tendo oscilado entre mínima de 113.634,95 e máxima de 114.903,23 pontos na sessão, vindo de perda de 0,72% na anterior, após sequência de três ganhos diários. Em março, o Ibovespa avança 4,38%, limitando as perdas do ano a 3,50%.

Mesmo com atuação do BC no câmbio, o forte avanço do dólar (+1,44%, a R$ 5,6395 no fechamento, com máxima a R$ 5,6565) contribuiu para limitar o escopo da recuperação do Ibovespa na sessão, com resistência na faixa de 115 a 116 mil pontos. Desde o último 26 de fevereiro, o índice retomou a faixa dos 115 mil nas máximas de três sessões, mas só conseguiu sustentar a marca em único fechamento, no dia 5 de março.

"Um grande desafio em março é o rompimento da faixa de 116 mil pontos para, enfim, reverter o viés de baixa do curtíssimo prazo e abrir caminho para o topo intermediário nos 120 mil pontos", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Hoje, "a alta das bolsas americanas e o ajuste da curva de juros, dias antes do Copom, para uma alta (estimada) de 50 pontos-base, favoreceram os setores de construção e shoppings, entre os destaques desta segunda-feira." Iguatemi fechou em alta de 2,50%, Multiplan, de 1,77%, e MRV, de 1,38%. Nesta segunda em Nova York, Dow Jones e S&P 500 renovaram recordes de fechamento.

"Dia de vencimento de opções naturalmente é mais agitado, e esta segunda-feira fez jus ao natural: o Ibovespa oscilou entre ganhos e perdas depois de engatar alta no começo do pregão, com os investidores brasileiros na expectativa de alguma resolução para a provável troca no Ministério da Saúde", observa Lucas Collazo, especialista da Rico Investimentos.

Na ponta do Ibovespa, Copel fechou hoje em alta de 7,30%, em dia também positivo para outras utilities, como Eletrobras ON (+3,52%) e Cesp (+2,54%). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que havia tirado a privatização da Eletrobras da lista de prioridades para sua gestão, hoje classificou como "tolerável" o modelo proposto pelo governo para a privatização da companhia.

Destaque ainda para Gol (+5,66%) e Azul (+4,16%), segunda e terceira maiores altas do Ibovespa na sessão. Entre as blue chips, Petrobras PN e ON subiram respectivamente 2,07% e 2,47%, enquanto Vale ON cedeu 0,60%. Os bancos tiveram na maioria dia positivo, com ganhos até 2,05% (Santander), assim como a maioria das ações de siderurgia, à exceção de CSN (-4,76%), na ponta negativa do Ibovespa na sessão, à frente de Magazine Luiza (-3,46%) e PetroRio (-2,90%).

"Até a super-quarta, quando se terá a decisão do Fed e também a do Copom, o mercado tende a ficar de lado. Com a promulgação da PEC Emergencial, o mercado passa a olhar para a reforma tributária. E eventual substituição do ministro da Saúde por um nome apoiado pelo Centrão pode dar mais ritmo à tramitação da reforma", diz Jefferson Laatus, estrategista do Grupo Laatus. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse hoje que o Congresso fará a reforma tributária "possível", não a "ótima". Segundo ele, o assunto mexe com interesses "gigantescos", exigindo união entre todos.

Para Laatus, quem quer que venha a ser o próximo ministro da Saúde terá pouco efeito sobre a trajetória da pandemia no curto prazo. Hoje, a cardiologista Ludhmila Hajjar, professora da Faculdade de Medicina da USP, confirmou ter recusado convite para assumir o Ministério da Saúde, por "motivos técnicos" e por "pontos de divergência" com o governo, entre os quais sobre a cloroquina. A médica esteve ontem com o presidente Jair Bolsonaro e, desde então, houve relatos de que a discordância sobre atitudes, como a crítica ao distanciamento social ainda reiterada por Bolsonaro, dificultaria acerto entre as partes. Outro médico, Marcelo Queiroga, também cotado para o cargo, reuniu-se hoje com Bolsonaro.

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