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Ricardo Almeida tem nova fábrica de 7.800 metros quadrados no Bom Retiro

Conhecido por seus ternos com material e acabamento impecáveis, Ricardo Almeida já vestiu atores como Fabio Assunção, empresários poderosos como Roberto Justus e até o ex-presidente Lula. Há 33 anos na área, há seis ele aposta também em uma linha casual de jeans, camisetas e tênis e, recentemente, passou a investir também em peças femininas. Tudo para aproveitar a aura de glamour que está atrelada à marca Ricardo Almeida. De 2009 para cá, abriu 15 novas lojas em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Distrito Federal.

Para responder à demanda gerada pela expansão, Almeida acaba de construir uma nova fábrica de 7.800 metros quadrados, no Bom Retiro, em São Paulo, com tamanho três vezes maior que a anterior. “A gente precisou fazer isso para continuar crescendo e, para isso, preciso ser capaz de confeccionar tudo aqui”, afirma o estilista. “Já tentei produzir fora, mas dá muito problema, as entregas atrasam, a qualidade cai.” Por mês, a marca produz cerca de 2.600 ternos e 10.500 camisas, das quais 1.500 são feitas sob medida. Uma camisa da linha convencional custa a partir de R$ 370, enquanto um modelo sob medida não sai por menos de R$ 500. A seguir, ele fala mais sobre o mercado, os desafios de se trabalhar com moda no País e suas estratégias para driblar a crise.

Você acompanhou de perto o desenvolvimento do mercado de moda no Brasil. Como enxerga o mercado atualmente?

Acho que o mercado está mais profissional e as pessoas estão tendo que fazer um trabalho mais autoral. Antigamente, copiava-se muito o que vem de fora. Agora, isso mudou bastante, até porque os desfiles acontecem quase na mesma hora do São Paulo Fashion Week, então não dá para fazer desfile com as mesmas peças que as lá de fora. As pessoas passaram a buscar um caminho para mudar isso.

Quais os maiores desafios de se trabalhar com moda no País?

O desafio que o empresário sofre no País é a parte burocrática. Desde a parte fiscal à trabalhista. Por exemplo, tenho uma loja no Rio de Janeiro que está há dez dias esperando a documentação para abrir em um posto fiscal. Não é possível, esse é um documento que deveria sair em 24 horas. A burocracia é um desafio para qualquer empresário no Brasil, não só os da moda.

E na moda masculina, o que mudou?

A moda masculina melhorou bastante, porque houve uma quebra do preconceito que existia entre os homens de não se cuidarem. Então se eles quiserem fazer depilação, tingir cabelo, plásticas, ou simplesmente sair para comprar roupas, o que antes era muito discriminado, tudo bem. Agora eles se sentem mais à vontade para isso. O homem descobriu que estar bem vestido é uma ferramenta importante tanto no trabalho quanto na vida pessoal.

Por que abrir uma fábrica maior no Bom Retiro?

Essa é uma decisão que já vem de uns dois anos e meio. O que aconteceu é que a gente optou por abrir mais lojas. Em 2009, tínhamos só duas. Hoje, temos 17 com essa do Rio que vai abrir. Para poder abastecê-las, eu precisaria aumentar a fábrica.A gente precisou fazer isso para continuar crescendo e, para isso, preciso ser capaz de produzir tudo aqui. Já tentei produzir fora, mas dá muito problema, as entregas atrasam, a qualidade cai. Por isso achei mais fácil montar uma fábrica nova.

Com o aumento da produção e do número de lojas, a marca tem buscado se tornar mais popular?

A ideia é exatamente o contrário. Eu não vou aumentar tanto a produção, a expansão é principalmente em cima do feminino. A ideia é melhorar ainda mais e ficar mais exclusivo, pois nessa fábrica vou conseguir fazer produtos que antes não conseguia, como jaquetas e blazers com modelagens diferentes, por exemplo.

Quais as estratégias da empresa para driblar a crise?

É melhorar cada vez mais os produtos. Quem tem dinheiro continua tendo dinheiro. Mesmo quando o movimento dos shoppings caiu 30%, eu não senti. Essas pessoas consumiam muito pouco nas minhas lojas. Dos que saíram, entraram uns 10% de pessoas que só compravam lá fora. Até porque nosso preço do sob medida é imbatível. O produto é o que mais nos dá condições de sair da crise.

Hoje um terno Ricardo Almeida custa a partir de quanto?

Os nossos ternos nas lojas começam em torno de R$ 2.700. Um sob medida começa a partir de R$ 5.500. Se for feito por mim, aí o valor sobe, é claro, fica a partir dos R$ 15 mil. Ao longo do tempo a gente aumentou muito pouco esse valor. Porque a gente foi conseguindo mais eficiência de trabalho, então o custo diminuiu. Claro que com a alta do dólar a gente teve que aumentar, mas numa proporção bem menor que o aumento da moeda. Até porque o tecido não corresponde a tudo no meu preço e ele é a única coisa importada.

Você já falou algumas vezes que tinha planos de expansão para fora do Brasil. Eles ainda estão de pé?

Não tenho planos de expandir para fora. Acho que a gente tem muito mercado aqui dentro. Eu cheguei a ir ver como seria, há mais ou menos um ano, mas cheguei à conclusão de que para isso eu precisaria morar lá fora para as pessoas me conhecerem. Porque para acontecer lá fora, é preciso divulgação, não é só colocar um papagaio lá falando por você. E eu não tenho como fazer isso, nem quero. Lógico que existem muitas marcas que montam loja lá fora para dizer que tem, mas não sei se ganham dinheiro.

Você participou da primeira edição do Morumbi Fashion, em 1997, e de quase todas as edições do SPFW, mas há alguns anos não participa mais. Há algum motivo específico para a decisão?

Tem vários motivos. O primeiro é que quando o Morumbi Fashion começou, era algo superexclusivo, só para as 20 melhores marcas. Mas aí o São Paulo Fashion Week cresceu muito e chegou a ter 44 marcas, isso é muito. Tirou a exclusividade e o diferencial. Outro problema é que eu parei de acreditar que o desfile tinha que ser seis meses antes de lançar a coleção na loja, o produto fica velho. Agora isso é um movimento mundial, mas demorou até entenderem. Por isso, eu passei a fazer o desfile na mesma hora em que vou lançar a coleção na loja. No meu novo espaço tem lugar para 250 pessoas e é lá que vou apresentar as coleções.

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