A 32ª edição do prêmio Shell de Teatro de São Paulo, realizada na terça, 10, na Vila Olímpia, foi marcada por surpresas. A premiação começou celebrando espetáculos de grupos coletivos e criações não convencionais. Também houve protestos em defesa da Cultura e críticas ao governo federal. A dramaturga Maria Adelaide Amaral foi a artista homenageada da noite.
A atriz e autora Janaina Leite venceu na categoria dramaturgia com o espetáculo Stabat Mater, que debate a herança da Virgem Maria para a cultural ocidental. Ela subiu ao palco com a mãe, Amália, que também está na peça. "Vamos na contramão da caretice europeia de premiar nomes. Precisamos reforçar a coletividade", disse, ao lado de sua equipe.
O espetáculo Mãe Coragem foi premiado pela direção de Daniela Thomas. A atriz Bete Coelho, protagonista da peça de Brecht, recebeu o troféu pela diretora, que não compareceu à festa. "Que importância nós, artistas, temos! Vamos incomodar mais", garantiu.
O troféu de música foi para Dani Nega, Eugênio Lima e Roberta Estrela DAlva pela composição sonora em Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Dani celebrou o primeiro Shell que recebeu. "Os meus mestres vêm da rua, do rap."
A homenageada da edição, dramaturga Maria Adelaide Amaral, manifestou apoio à Cultura. "Os tempos estão muito difíceis, mas já estiveram piores. Quem viveu a ditadura sabe do que estou falando", afirmou. "Não é possível que um governo vire as costas para a Cultura e se orgulhe disso."
O Coletivo Estopô Balaio recebeu o troféu Inovação com o espetáculo A Cidade dos Rios Invisíveis, desenvolvido no Jardim Romano, extremo leste da cidade. A região é conhecida por enfrentar enchentes, situação que se repete há mais de 30 anos. "A peça resgata a história dos nordestinos que vieram morar aqui e a luta para manter suas casas sempre acima do nível da água", lembrou a atriz Ana Carolina Marinho.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>