Seja por falta de iniciativa de outros moradores no local onde vivem, mas principalmente pela ausência dos entes públicos em oferecer condições para debater a questão. Ações
O lixo está na ordem do dia. Trata-se de assunto espinhoso, que requer uma série de avaliações. Por exemplo: a partir do momento em que se pretende fazer a reciclagem dos resíduos, não se pode ignorar quem vai receber o material. Gente interessada é o que não falta, desde capitalistas interessados no lucro até às cooperativas formadas por catadores de papel e alumínio, um importante instrumento para tirá-los das ruas e elevar sua renda. Já a compostagem é tão importante quanto a reciclagem, pois impede que o lixo orgânico, proveniente também das sobras dos alimentos que consumimos, seja disponibilizado impunemente em aterros e fique apodrecendo à luz do dia, gerando líquidos (chorume) e gases altamente nocivos ao solo, às águas e ao ar.
A simples adoção dessas medidas teria impacto imediato nos aterros sanitários que servem os grandes centros. As latas de alumínio e as garrafas de plástico pet não se desintegram no ar de uma hora para a outra. Sem falar nos sacos plásticos dos supermercados. Essas substâncias levam centenas de anos para desaparecer completamente. Isso nos leva a crer que não existe outra solução não seja a construção imediata de centros de reciclagem para receber o material. Mas que é lógico aos nossos olhos nem sempre tem efeito diante das políticas públicas.
Em pleno século XXI, e com diversas tecnologias à disposição, os burocratas ainda preferem enterrar o lixo no solo, apoiados no argumento de que hoje em dia é possível cuidar da sujeira de maneira responsável e sem danos ao Meio Ambiente.
O reflexo de ações como essa também se refletiria imediatamente nos aterros sanitários espalhados pelo país, inclusive com o prolongamento da vida útil dessas localidades. Mas, infelizmente, falta vontade política para que a questão do lixo urbano entre definitivamente na pauta dos governantes.
Há pouco tempo, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que todo o lixo produzido em suas repartições seja reciclado. Um projeto nos mesmos moldes será analisado nesse mês pela Assembléia Legislativa de São Paulo. A iniciativa também poderia se estender a outros órgãos públicos
Tenho certeza que isso para amenizaria não somente o tamanho da sujeira enviada aos depósitos de lixo, muitos a céu aberto, como também teria reflexo no comportamento das pessoas, sobretudo daquelas que ainda hoje insistem em jogar o lixo da janela dos carros em avenidas e ruas. O problema do lixo não pode ser tratado de forma isolada. E não pode mais esperar.
Sebastião Almeida é deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e presidente da comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa de São Paulo. E-mail: [email protected]