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Cheira mal a reintegração do Pinheirinho!

Os episódios da ação de reintegração de posse no Pinheirinho em São José dos Campos me trouxeram sentimento de indignação e muita desconfiança com o histórico dos acontecimentos e por fim a decepção com o Poder Judiciário. A minha indignação se deu por conta da ação truculenta da PM no episódio, em que mulheres, crianças e idosos foram tratados com profundo desrespeito. Esta tem sido a marca da gestão Geraldo Alckmin. Sem nenhuma vocação democrática, o cassetete e as bombas substituíram o diálogo com a sociedade. Foi assim na USP, na cracolândia e agora no Pinheirinho. Rigor que não observamos quando se trata de enfrentar o crime organizado e os demais problemas da segurança pública no Estado.


A desconfiança que expresso está contida nos mistérios que marcaram este processo. Primeiro, são as informações de vereadores locais, de que a área  pertencia a uma família alemã assassinada há 30 anos, em circunstâncias até hoje não esclarecidas. Outro mistério está no fato da área de mais de 1 milhão de metros quadrados, avaliada hoje em R$ 180 milhões, saiu das mãos do Estado e passou para a Selecta, empresa do megaespeculador Naji Nahas.


Ao lembrar os diversos prejuízos causados por este senhor em 1989 nas Bolsas, seu envolvimento em desvios de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro e suas relações com o banqueiro Daniel Dantas, operador de campanha eleitoral de Serra e do PSDB, fica impossível não fazermos associações sobre seu grau de poder e influência.


O ex-delegado da Polícia Federal e hoje deputado federal Protógenes  Queiroz, responsável pela sua prisão em 2008, é quem sentencia: “Ele [Nahas] tem muita influência e sabe se mover entre autoridades. A massa falida que detém  oficialmente os direitos da área era judicialmente obrigada a fornecer local seguro aos habitantes do Pinheirinho. Isso não foi providenciado. E as autoridades, mesmo assim, cumpriram a ordem de despejo”.


Minha decepção com o Poder Judiciário que apressou julgamento e decisão pela reintegração, num processo que tramitava há  pouco mais de seis anos, sem inclusive observar garantias legais que os reintegrados possuíam.


É nestas horas que apoio integralmente a determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de fiscalizar o Judiciário. Seria muito interessante a sociedade também acompanhar a evolução patrimonial dos envolvidos neste processo.



 


José Luiz Guimarães


Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna

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