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Ainda à espera de um transporte de qualidade

A falência do sistema do transporte de Guarulhos é flagrante. A implantação do Bilhete Único já tem um ano e os passageiros só têm a perder. Além de gastarem mais tempo para chegarem a seus destinos, utilizando duas, três e até quatro conduções, quando antes precisavam de uma, as adaptações em um processo complexo como esse não surtiram efeito.


Tudo isso ocorreu devido ao uso político do tema, quando se priorizou um projeto inconsistente, que queimou uma série de etapas, sem se pensar no principal, o passageiro. Nada pode ser feito sem o mínimo de planejamento urbano. Antes da implantação, era necessário – primeiro – criar vias radiais cortando a cidade, para que os veículos do transporte coletivo pudessem fluir com maior velocidade.


Guarulhos carece de grandes avenidas que precisam ser abertas. Algumas até podem ser adaptadas. Mas – acima de tudo – é fundamental criar faixas exclusivas, a fim de garantir que ônibus e vans possam ficar livres dos inúmeros obstáculos que se impõem por todo o município.


Hoje, um cidadão fica parado mais de uma hora dentro de um ônibus só para atravessar o Trevo de Bonsucesso, por exemplo. Se há um acidente na Dutra, o trânsito para e o passageiro fica sem alternativas. Ele perde o horário do trabalho, da escola, do retorno ao lar. Assim, vias exclusivas para o transporte público permitiriam que muita gente, inclusive, deixasse o carro em casa e passasse a usar as opções coletivas.


Também é necessário criar estações de transferências nos bairros, espécies de mini-terminais, onde os passageiros possam gozar de conforto e segurança no momento em que precisem trocar de condução. Nada de obras magalomaníacas, que só pretendem engordar os caixas pessoais e de campanhas, como se vê em Guarulhos. O Terminal de Pimentas é um exemplo claro disso.


Somente depois de fazer a lição de casa, aí sim é hora de dar à população um transporte de qualidade, que inclua também veículos articulados nas linhas expressas. Com certeza, com o que foi gasto até agora para implantar esse sistema meia-boca, seria possível fazer muito mais.


Bastava que se pensasse nas pessoas. E é isso que temos em mente. Agir com energia no sentido de beneficiar a população, levando em consideração as necessidades de cada bairro, priorizando linhas que possibilitem aos passageiros ir aos mais diferentes pontos de Guarulhos sem tanto sacrifício. É administrar para o cidadão e não para o partido.


 


Carlos Roberto de Campos


Empresário, suplente de deputado federal e presidente do Diretório Municipal do PSDB, escreve às sextas-feiras.

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