Cada dia o trânsito nas grandes cidades fica mais difícil. Sem uma solução eficiente para o transporte coletivo, resta a opção dos veículos para que o cidadão se desloque no dia a dia.
O transporte individual continua sendo o mais incentivado pela facilidade dos financiamentos de longo prazo e conseqüentemente as pequenas parcelas. Nunca se vendeu tantos carros, nunca se consumiu tanto combustível e nunca se viu tanto trânsito! Para economia, este fenômeno é um sucesso, na medida em que produz muitos empregos e movimenta uma grande cadeia produtiva.
Para aquele que teve a oportunidade de comprar ou financiar, nos últimos anos, um carro zero quilômetro, a felicidade é muito grande. Toda família sonha com um carro novo. Para os mais jovens, outra opção tem sido a motocicleta, cujo valor das parcelas do financiamento de alguns modelos é equivalente ao custo mensal do transporte coletivo.
No aspecto pessoal, adquirir um veículo representa liberdade, satisfação, facilidade para enfrentar a rotina diária e enfim mais conforto e qualidade de vida. No aspecto coletivo, sabemos que a grande quantidade de veículos nas ruas gera o efeito contrário: sensação de aprisionamento e desconforto no trânsito, irritação e impaciência ao disputar o espaço com outros motoristas e ao final do percurso um cansaço enorme!
Outro interessante aspecto é que a cada dia o investimento individual para a locomoção aumenta. Com mais trânsito, acorda-se mais cedo. Pagamos mais pelo combustível, com a gasolina sendo importada e o etanol já sem aquele período de preço mais baixo na safra. O tempo gasto nos deslocamentos aumenta o consumo de combustível. As zonas regulamentadas de estacionamento (zona azul) estão a cada dia perdendo suas vagas para maior fluidez do tráfego. Sem esquecer o seguro, a manutenção, os tributos e a infalível lei da oferta e da procura que eleva o custo dos estacionamentos particulares. Nos locais próximos aos escritórios de trabalho e nos centros comerciais se gasta cada vez mais com este serviço. Até quando vamos às compras nos shopping centers gastamos com o estacionamento!
Todos estes custos diretos e indiretos mostram que nossa sociedade escolheu o caminho mais caro e menos eficiente para seus deslocamentos. Investir transporte público eficiente deveria ser a prioridade de todos os governos!
Antes de sair de carro atualmente é preciso pensar o quanto você vai gastar e principalmente onde você vai parar!
Wilson Lourenço
Vice-Presidente da RA-3 da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)
