Mundo das Palavras

O destino dos novos jornalistas


Para um jovem que gostava de escrever
certamente não existia uma situação melhor. O Jornalismo impresso lhe dava, de
início, algo de difícil obtenção para ele, numa sociedade como a nossa:
remuneração. Mas o Jornalismo Impresso lhe oferecia outros atrativos muito
fortes. Por exemplo, a possibilidade de penetrar em ambientes sociais
completamente diferentes do meio social ao qual ele pertencia, com acesso a novos
e preciosos ângulos de observação do ser humano.
Algo de extremo valor na criação de textos. Esta circulação por
ambientes diversificados era ainda ampliada quando os órgãos de imprensa impunham
viagens. Não surpreende assim que o escritor Gabriel Garcia Marquez tenha dito
que o Jornalismo era a melhor profissão do mundo.

Ultimamente, no
entanto, no Jornalismo impresso apareceram sucessivos tipos de crueldades, uma
variante perversa de avanços tecnológicos promissores, evitável numa sociedade
que não fosse estruturalmente má. Ninguém pode ser contrário ao maravilhoso
mundo virtual e a todos os equipamentos inventados recentemente para dar
rapidez e amplitude à capacidade de comunicação das pessoas, como computadores,
celulares, ipads etc. Nem mesmo aos efeitos deles no modo de produzir textos
jornalísticos. Mas num país que se orgulha de ter uma das maiores economias do
mundo estes avanços tecnológicos precisariam, de fato, criar a situação
descrita pelo professor titular da Unicamp, José Roberto Heloani, depois de pesquisar
desde 2003 os efeitos do exercício profissional na saúde dos produtores de
textos jornalísticos?

Como divulgou o site da Revista Imprensa, o
pesquisador detectou um aumento, nos últimos dez anos, no ambiente destes
trabalhadores, em decorrência do tratamento que lhes tem sido dispensado por
suas empresas,  de casos de infidelidade
conjugal e assédio sexual em decorrência da desestruturação dos orçamentos
familiares deles, além de depressão e uso de drogas, principalmente, cocaína e
anfetamina. Disse José Roberto: “Hoje, o jornalista é um profissional que
precisa ser repórter, fotógrafo, motorista, às vezes, cuidar da própria
segurança.
Então, hoje, há maior
incidência de um estresse patológico”.

A conclusão dele: “Na
primeira pesquisa, não víamos muita gente em estado de pré-exaustão ou
exaustão, que é o caso mais grave. Na mais recente, começamos a ver pessoas
debilitadas, em pré-exaustão, inclusive recorrendo mais a drogas lícitas e
ilícitas”.

Diante deste quadro,
surge a pergunta inevitável: que destino estará reservado para o jovem com
talento para o Jornalismo Impresso?

     

  

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