Economia

IBGE garante qualidade dos dados atrasados de emprego

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) voltou a divulgar nesta quinta-feira, 25, uma taxa de desemprego média para as seis principais regiões metropolitanas do País. Uma greve de servidores que durou 79 dias afetou a coleta e o processamento dos dados de Salvador e Porto Alegre, o que impediu a divulgação completa das informações. A taxa média de desocupação havia ficado congelada desde abril. Hoje, o instituto liberou todos os dados, com a garantia de que não há distorções nas estatísticas em função do atraso.

“A Pesquisa Mensal de Emprego foi toda checada nos lugares onde percebemos que poderia haver distorção”, afirmou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. “Parte da coleta de maio, por exemplo, não foi feita no período certo. Fizemos uma planilha e colocamos em campo para as pessoas checarem. As últimas duas semanas de maio foram revistas inteiras por duas vezes”, detalhou, ressaltando que o procedimento foi repetido para os demais meses afetados pela paralisação.

A greve foi muito expressiva em Salvador e em Porto Alegre, em que boa parte da equipe gerencial da pesquisa aderiu ao movimento. Para dar conta do trabalho, três pessoas foram deslocadas da equipe de coleta do Rio de Janeiro para os locais desfalcados.

Dois técnicos foram a Salvador orientar o processo de recuperação dos dados. Um deles retornou ao Rio, enquanto outro seguiu com um terceiro para Porto Alegre, onde estão até hoje, ainda para garantir a coleta das informações de setembro. “Quando se faz uma greve e para a coleta, está sujeito a perda de qualidade. Mas trabalhamos para evitar isso”, destacou Azeredo.

O mesmo procedimento será adotado com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que também foi prejudicada pela greve. Até o momento, nenhum dos dados foi rechecado, já que o grupo concentrou esforços na PME. “Entre priorizar um indicador que é usado como cálculo oficial e priorizar a Pnad Contínua, priorizamos a PME”, justificou o coordenador.

Estados como Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Amapá, Acre e Ceará tiveram atraso nas coletas da Pnad Contínua. A previsão, segundo Azeredo, é de que a captação das informações referentes ao segundo trimestre de 2014 seja concluída até 30 de setembro. “Agora, estamos começando a fazer o trabalho de qualidade, que é importante para ter a garantia de que a sazonalidade não será distorcida. Vamos começar a entregar as planilhas para que eles (entrevistadores) comecem a checar.”

Caso o trabalho de rechecagem não seja concluído até novembro, a divulgação da pesquisa pode ser novamente adiada. A previsão por enquanto é de que os dados sejam anunciados em 6 de novembro.

A greve ainda deve causar atraso na ida à campo da Pnad 2014, versão anual e uma das pesquisas mais importantes do órgão. Ela retrata o mercado de trabalho na última semana de setembro, mas normalmente as entrevistas são feitas entre outubro e novembro. Neste ano, os questionários devem se concentrar entre novembro e dezembro, mas sem prejuízo na qualidade das informações, garantiu o IBGE.

“A greve atrapalhou o preparo da pesquisa”, afirmou Azeredo. Inicialmente, a Pnad 2014 nem existiria, já que a pesquisa deve ser aposentada pelo órgão, mas os problemas na Pnad Contínua (versão trimestral que vai substituí-la) fizeram o instituto voltar atrás na decisão. A PME, que também seria extinta em 2015, deve continuar a ser apurada no ano que vem. “O fim da PME está atrelado à produção de indicador equivalente na Pnad Contínua. Os estudos estão em andamento, e parte deles está bastante avançada”, disse o coordenador.

O instituto, porém, evitou fazer novos comentários sobre a Pnad 2013. Na semana passada, o IBGE reconheceu um erro nos dados, após ter usado uma planilha com pesos errados para expandir a amostra, o que causou distorções nos dados de desigualdade de renda, de aumento dos rendimentos e de taxa de alfabetização. O governo instaurou duas comissões, uma de especialistas independentes (para avaliar a qualidade dos dados) e outra como sindicância investigativa, para apurar o erro.

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