As vendas no comércio varejista apresentaram crescimento nominal anualizado de 10,1%, em setembro de 2014 e aumento de 3,4%, deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), divulgado nesta quarta-feira, 15. O indicador nominal aponta uma retração ante os 10,2% de crescimento anualizado nominal apontado em agosto e ainda um recuo de 0,3 ponto porcentual ante os 3,7% de alta no indicador sem o IPCA do mês anterior. Considerados os ajustes de calendário, o ICVA apresentou uma variação negativa maior, de um crescimento nominal anualizado de 10,8% em agosto para 9,5% em setembro e de 4,3% para 2,9% se descontado o IPCA.
O crescimento das vendas no mês passado foi menor do que em setembro de 2013, cujo ICVA apontava uma alta anualizada nominal de 12,1% e o indicador deflacionado mostrava crescimento de 5,1% nas vendas do comércio varejista. O indicador mede o desempenho de 24 setores do comércio varejista, com mais de 1,4 milhão de pontos ativos de venda, tem cobertura 99,6% do País e retrata 14% do consumo das famílias que utilizam o meio eletrônico para o pagamento.
Segundo Gabriel Mariotto, gerente da área de inteligência da Cielo os setores de alimentação, de supermercados e hipermercados apresentaram desaceleração em setembro, e o destaque positivo foi a retomada da alta no crescimento das vendas de materiais de construção e de lojas de departamentos. Drogarias e farmácias seguem com o melhor desempenho nas vendas.
Trimestre
O ICVA do terceiro trimestre de 2014 apontou alta nominal nas vendas no comércio varejista de 10% entre julho e setembro, ante 10,8% no segundo trimestre e 13,3% em igual período de 2013. Já o indicador deflacionado retratou um aumento de 3,6% nas vendas no terceiro trimestre de 2014, aceleração ante a alta de 2,9% no segundo trimestre de 2014, mas ainda abaixo dos 6,1% de crescimento no terceiro trimestre de 2013.
“O impacto no crescimento (entre o segundo e o terceiro trimestres de 2014) foi em relação à variação da inflação”, justificou Mariotto. “O patamar é de manutenção do crescimento após uma desaceleração forte no começo do ano e um crescimento constante durante o ano passado”, completou.
Mariana Oliveira, economista da Tendências Consultoria, lembra que o crescimento do varejo em um patamar mais baixo ante os primeiros meses do ano reflete o contexto negativo ao consumo, com a desaceleração do mercado de trabalho, o rendimento médio real menor e a ocupação em trajetória de queda ao longo do ano. “Temos ainda o mercado de crédito com expectativas pouco favoráveis, diante de incertezas no horizonte e condições de pagamento com juros maiores e prazos menores”, disse.
Segundo Mariana, a tendência nos próximos meses ainda é de uma desaceleração no crescimento ante 2013, mas com um cenário de retomada no crescimento da confiança do consumidor ocorrida em setembro. “Veremos se essa retomada tem sustentação e se haverá uma trajetória de reversão (no aumento das vendas do varejo) em relação aos meses mais fracos do começo do ano”, concluiu.