Apesar de influenciado por uma base elevada de comparação em outubro de 2013, o déficit de US$ 1,177 bilhão da balança comercial brasileira de outubro deste ano, o pior resultado para o mês desde 1998, revela uma perda bastante significativa do ritmo comercial, que vem se acentuando mês a mês, tanto do lado das exportações quanto das importações. A avaliação é do economista Rafael Bistafa, da Rosenberg Associados.
“Esse resultado está muito abaixo da sazonalidade histórica para o mês, que é de superávit de US$ 1,1 bilhão”, comentou. Ele destacou, porém, que, na comparação interanual, é preciso ponderar que a queda de 30,3% nas vendas de manufaturados em outubro se deu porque houve uma plataforma de petróleo de US$ 1,9 bilhão em outubro do ano passado que não se repetiu em 2014. “Mas, de qualquer maneira, é uma perda de ritmo muito significativa”, disse.
Bistafa afirmou que o saldo “poderia estar mais negativo ainda”, caso o Brasil estivesse crescendo a um ritmo maior. Segundo ele, a queda na atividade tem sem refletido principalmente no recuo das importações, “uma maneira não saudável de ajustar a balança”. “Diferente das exportações, as importações estão tendo forte queda generalizada e dispersa”, afirmou, destacando que, das 23 categorias analisadas, 16 apresentaram queda interanual.
No caso das exportações, o economista destaca que a queda geral de 19,7% em outubro quando comparada com a média diária de outubro de 2013 é focada principalmente no recuo de 40% das vendas externas de minério de ferro, principal produto da pauta. Já o recuo nas exportações de soja, segundo ele, se deu em decorrência do volume e não dos preços. “Mas os preços preocupam para o ano que vem, se continuarem no patamar baixo atual”, ponderou.
Já a baixa de 30,3% nas exportações de manufaturados, além da questão da plataforma de petróleo, deu-se em razão do recuo nas exportações de automóveis, principalmente em razão da crise cambial na Argentina, principal parceiro comercial do Brasil no segmento. Bistafa afirma que, mesmo com o resultado negativo de outubro, a Rosenberg mantém a projeção de déficit de US$ 2 bilhões para a balança comercial de 2014.