Eduardo Coutinho levava uma trajetória errática nos anos 1960 e 70. A pressão da ditadura militar interrompera Cabra Marcado para Morrer. Seguiram-se o episódio O Pacto – muito bom – de O ABC do Amor, uma coprodução com a Argentina e o Chile, a comédia O Homem Que Comprou o Mundo, com Flávio Migliaccio, e a transposição de Falstaff para o Nordeste, em Faustão, com Eliezer Gomes. Sua experiência no Globo Repórter foi decisiva.
Em 1984, algo se passou. Coutinho reinventou-se ao retomar o material interrompido do Cabra. Sobre a ficção, erigiu um documentário – nas bordas. O que seria um filme sobre o líder das Ligas Camponesas, João Pedro Teixeira, paralisado pela invasão do local das filmagens – o Engenho Galileia – e a prisão da equipe, tomou outro rumo. João Pedro foi assassinado, Coutinho filmou sua viúva, Elizabeth, foi atrás dos filhos arremessados no mundo.
Resultou uma obra visceral sobre a questão fundiária no Brasil e a brutalidade da ditadura. Cabra Marcado foi eleito o melhor documentário brasileiro de todos os tempos numa enquete da Abracine. Não é. O próprio Coutinho superou-se com Edifício Master e Jogo de Cena. Mas Cabra segue sendo uma obra necessária, de referência. É a atração imperdível desta quarta, 5, às 21h, no canal Curta!.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>