A proposta de reajuste salarial para os servidores municipais, apresentada na sexta-feira à categoria pelo Stap, não agradou quem compareceu à assembleia realizada na sede do sindicato. Foram oferecidos 2%, além de R$ 100,00 em cesta básica para quem ganha até R$ 3.200,00 (11.450 funcionários), e 2% no Vale Refeição. Guti (PSB) passou a ser hostilizado nas redes sociais, principalmente por grupos ligados ao funcionalismo e à oposição. Muita gente lembrou que o prefeito, enquanto foi vereador, era um dos principais defensores da categoria.
Segue ao lado
Pessoas próximas a Guti, no entanto, garantem que ele segue defendendo o funcionalismo. Oferecer reajuste abaixo dos 4,08%, segundo o IPCA, não era a intenção do prefeito. Entretanto, com dívidas na casa dos R$ 7,5 bilhões, deixadas pela administração do PT, além dos altos valores da folha de pagamento, que incluem neste ano cerca de R$ 100 milhões não pagos pelo governo de Sebastião Almeida (agora PDT), como gratificações não pagas, ele foi obrigado a buscar uma proposta que garantisse um repasse maior a quem ganha menos.
Responsabilidade
A um grupo de servidores da saúde do HMU, onde foi no sábado à tarde, Guti, ao lado do vice-prefeito Alexandre Zeitune (Rede), deixou claro que ele entende que o proposto não é o reajuste ideal, mas o possível neste momento. “Não adianta eu repassar um índice maior agora, mas quando chegar em setembro já estamos sem dinheiro para pagar a folha de pagamento. Temos de ser responsáveis”, afirmou.
A razão do funcionalismo
Alguns grupos que atuam sem paixões sindicais se debruçaram em planilhas e contas do Executivo para demonstrar ser possível chegar nos 4%, sem o risco de inviabilizar a administração neste ano. Entretanto, se o índice for repassado a todos os mais de 20 mil funcionários, o nível de endividamento com a folha de pagamento se aproximará perigosamente dos 54% do orçamento anual, limite máximo tolerado pelo Tribunal de Contas. O governo bate na tecla que o pagamento de gratificações deixadas por Almeida estoura a folha.
Contas paralelas
Ao defender os 4,08% a partir de maio, esses servidores entendem que precisa deixar de lado a concessão de R$ 100,00 em cestas básicas e até os 2% no VR (significa apenas R$ 9,00 no final de todo o mês). Esses funcionários apontam que, apesar da crise econômica que atravessa o país e as dívidas deixadas pela administração passada, haveria um pequeno aumento de arrecadação, em Guarulhos, próxima a 3% desde janeiro. Porém, eles mesmos entendem que essa melhora é reflexo do que foi pago em IPTU e IPVA, que são sazonais – entram em volume maior nos cofres da Prefeitura apenas nos primeiros meses do ano.
Sindicato sem crédito
Já o sindicato, que desagradou muito a categoria nos últimos anos, sofre com a falta de credibilidade. Mesmo os servidores que defendem a greve do funcionalismo a partir de quinta-feira, como ficou decidido em assembleia, estão com os dois pés atrás em relação ao Stap. Nas redes sociais, questionam se não poderiam tocar o movimento sem a participação da entidade sindical. O temor é que o sindicato, em caso de a administração chegar na reposição da inflação, use isso como uma vitória (ou conquista).
Pode até tentar
No entanto, o Stap pode usar esse embate para tentar renascer das cinzas no caso da Prefeitura subir a proposta para, pelo menos, os 4,08% do IPCA. Vai tentar passar a ideia que rejeitou a proposta de 2%, conseguiu aprovar uma greve para quinta-feira e “forçou” a administração a chegar no índice maior. Porém, somente servidores que não gostam de pensar cairão nessa lorota.
Na administração do DEM
Diversos municípios do interior paulista, com as contas em risco, já anunciaram que não irão negociar com os servidores tão cedo. Em Sorocaba, por exemplo, cidade governada pelo DEM, partido do candidato derrotado em Guarulhos no segundo turno, Eli Correa Filho, o prefeito Jose Crespo adiou de março – a data base da categoria – para outubro qualquer discussão referente a reajuste. Mesmo assim, somente se as contas do município apresentarem alguma melhora até lá. Caso contrário, só em 2018 e olhe lá.
E na tucana
Em Piracicaba, o prefeito Barjas Negri (PSDB) anunciou em março que o reajuste dos servidores neste ano seria zero. No entanto, depois de mais de um mês de negociação, chegou-se a 4,59% (menos que o índice de inflação acumulada até março), que foram divididos em duas vezes. Foram 2,3% no mês da data-base mais 2,29% a partir de setembro. Em Santos, o reajuste – concedido à título de abono salarial – foi de 2%, passando para 5,35% em outubro, sendo incorporado aos salários de dezembro apenas.