Economia

Queda da dívida/PIB é crucial no reforço da percepção positiva da economia,diz BC

Num discurso muito afinado com o Ministério da Fazenda em relação à questão fiscal, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira, 16, pelo Banco Central citou a importância de se garantir uma trajetória fiscal que estabilize e depois reduza a relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB). Isso, conforme o documento, é “crucial” para reforçar a percepção positiva sobre a economia, para restaurar a confiança dos agentes financeiros e para ancorar as expectativas de inflação.

No parágrafo 26, a diretoria do BC diz que a velocidade de materialização das mudanças na economia e dos ganhos delas decorrentes depende, fundamentalmente, de uma trajetória de superávits primários que fortaleça a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público, além da redução de incertezas que cercam o ambiente doméstico e internacional.

“Ressalte-se a importância de se garantir uma trajetória de resultados primários que permita a estabilização e a posterior redução do endividamento público em relação ao PIB, medida crucial para reforçar a percepção positiva sobre o ambiente econômico, para melhorar a confiança dos agentes e para contribuir para a ancoragem das expectativas de inflação”, escreveram os diretores no trecho.

Em linha com os anúncios feitos pelo executivo na esfera fiscal, a ata do Copom também retirou do documento desta quinta em relação ao divulgado em maio a análise de que indefinições de primário acentuam a percepção negativa macroeconômica no parágrafo 25. Além disso, suprimiu do mesmo trecho a visão de que a indefinição de primário impacta negativamente as projeções para a inflação.

Nesse parágrafo, o colegiado escreveu agora que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias recentemente anunciadas para as variáveis fiscais. “Relativamente ao resultado fiscal estrutural e a depender do ciclo econômico, o comitê pondera que o balanço do setor público encontra-se em zona expansionista”, trouxe o documento, como já constava na edição anterior.

O comitê ressaltou ainda que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários, bem como na sua composição, impactam as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação. “Sobre o combate à inflação, o comitê destaca que a literatura e as melhores práticas internacionais recomendam um desenho de política fiscal consistente e sustentável, de modo a permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos preços.”

Serviços

A inflação ainda continua alta por causa, principalmente do setor de serviços, que já dá sinais de afrouxamento, de acordo com a ata do Copom divulgada pelo Banco Central. Ao final do primeiro parágrafo do documento, a diretoria colegiada escreveu que ainda há uma dinâmica de maior persistência dos preços causada por esse segmento de serviços, “que já mostra alguma desaceleração”, e também pelos processos de realinhamento de preços relativos e choques temporários de oferta no segmento de alimentação e bebidas.

Como de praxe, o BC enfatizou no parágrafo 21 do documento que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a potencializar os efeitos das ações de política monetária, fazendo com que elas possam afetar, de forma mais duradoura, a dinâmica da inflação plena no futuro. “Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se vigilante, para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.”

EUA

A ata do Copom divulgada pelo Banco Central trouxe mudanças importantes em relação à percepção sobre o cenário externo. No parágrafo 22 (21 do anterior), o documento trouxe um acréscimo em relação à economia americana. De acordo com o BC, no contexto de redução no ritmo de atividade, destaca-se a continuada preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos para outras economias, somada a incertezas quanto às perspectivas para a economia dos Estados Unidos.

A diretoria escreveu no documento que considera que o ambiente externo permanece “especialmente complexo”. Apesar disso, o comitê identifica ainda baixa probabilidade de ocorrência de “eventos extremos” nos mercados financeiros internacionais. Para o comitê, a atividade global mostra tendência de maior moderação ao longo do horizonte relevante para a política monetária. “As perspectivas recentes indicam modesta recuperação da atividade nas economias maduras, enquanto importantes economias emergentes experimentam período de transição.”

Tratando ainda sobre o cenário externo, outra mudança da ata foi a divisão em dois parágrafos da avaliação sobre os mercados financeiros internacionais, que anteriormente era descrita em um só trecho do documento. Apesar disso, o teor do texto não foi alterado. No parágrafo 23, o Copom destacou a moderação na dinâmica dos preços de commodities, apesar da valorização no período recente.

Sobre o petróleo, o comitê enfatizou que, independentemente do comportamento dos preços domésticos da gasolina, a evolução dos preços internacionais tende a se transmitir à economia doméstica por meio de cadeias produtivas, como a petroquímica.

Ao abrir um novo parágrafo, o BC acaba dando ênfase às incertezas geradas pelos baixos preços do petróleo e suas implicações para empresas do setor e países produtores. Também dá destaque para o impacto nos mercados financeiros em geral, com riscos para a estabilidade financeira global.

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