A incorporadora e construtora MRV Engenharia planeja iniciar até o fim deste ano na cidade de São Paulo seu maior projeto, com 25 torres residenciais. Batizado de Grand Reserva Paulista, tem 7,5 mil unidades e um valor geral de vendas (VGV) de R$ 1,5 bilhão – montante que corresponde a um terço de todos os lançamentos realizados pela empresa ao longo do ano passado.
“Esse é um projeto em fase de aprovação na Prefeitura de São Paulo. Estamos tentando colocar no mercado ainda neste ano, entre novembro e dezembro”, afirmou o copresidente da MRV, Eduardo Fischer, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Segundo o executivo, não há prazo definido para lançar todos os 25 edifícios. “Essa decisão dependerá da situação do mercado”, ponderou.
O Grand Reserva Paulista fica em Pirituba, na zona norte de São Paulo, a cerca de 500 metros do Shopping Tietê Plaza, vizinho da Marginal Tietê. O terreno tem 180 mil metros quadrados e foi adquirido em 2009 por R$ 95 milhões do Santander. Nessa área estão situados alguns edifícios construídos no passado para abrigar o setor administrativo do antigo Banespa. Essas estruturas estavam desocupadas e, atualmente, passam por demolição para dar espaço ao novo bairro.
O projeto também envolverá a construção de praça pública, creche e um batalhão da Polícia Militar, além de ciclovia, abertura de ruas e o alargamento da Av. Raimundo Pereira Magalhães. Essas obras complementares são contrapartidas estabelecidas pela Prefeitura à MRV, com exceção do batalhão, cuja obra será entregue por iniciativa própria da construtora. Outra característica do projeto é a previsão de uma área de 4 mil metros quadrados destinada a pequenos comércios e serviços para atender os futuros moradores da região.
Minha Casa Minha Vida
Segundo Fischer, todas os imóveis do Grand Reserva Paulista estarão enquadrados nas faixas 2 e 3 do programa Minha Casa Minha Vida, destinados a famílias com renda mensal de até R$ 3,6 mil e R$ 6,5 mil, respectivamente. Nessas faixas do programa habitacional, os compradores contam com recursos para financiamento originados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e no Fundo Garantidor da Habitação Popular. Como não são dependentes de subsídios do Tesouro Nacional, têm mostrado boa performance de comercialização, de acordo com o executivo. “Apesar da crise, nós continuamos tendo uma procura muito grande neste ano. A demanda por imóveis continua forte”, sintetizou Fischer.
O investimento da MRV no projeto faz parte de uma estratégia de reforçar sua atuação em municípios de médio e grande porte que foram pouco explorados durante o ciclo de expansão operacional nos últimos anos. A incorporadora está presente, hoje, em 142 cidades. “Muitas praças têm potencial para performar melhor, o que depende de termos banco de terrenos, imóveis no estoque e equipes comerciais bem preparadas. Nós enxergamos que existe potencial para aumentar as vendas sem aumentar o número de praças em que estamos”, explicou.
O executivo avalia que há condições para recuperação do mercado imobiliário assim que houver uma pacificação do cenário político e econômico nacional. Na sua opinião, isso pode avançar ao longo do próximo ano, pois a gestão do presidente em exercício, Michel Temer, deu sinais de mudanças para promover o ajuste fiscal e saneamento das contas das estatais. Para Fischer, essas medidas terão papel fundamental para aumentar a confiança de empresários e consumidores, bem como contribuir para melhoria gradual dos indicadores econômicos, destravando a concretização de negócios em todos os setores. “Já vemos uma mudança de rumos” disse.
A MRV encerrou o primeiro trimestre de 2016 com lançamentos de R$ 973 milhões, alta de 3,8% em relação aos mesmos meses do ano passado, enquanto as vendas foram de R$ 1,234 bilhão, queda de 9,8% na mesma base de comparação.