A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira, 9, um reajuste de 46,14% na tarifa cobrada pela usina de Itaipu, administrada pela Eletrobras. A partir de 1º de janeiro, a tarifa, cobrada em dólar, será elevada de US$ 26,05 por kilowatt (kW) para US$ 38,07 por kW. O aumento terá impacto para as distribuidoras que atendem os consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que recebem a energia produzida pela usina.
O elevado nível do reajuste aprovado tem dois motivos. Um foi a inadimplência de algumas distribuidoras, que deixaram de pagar as despesas com a energia produzida por Itaipu à Eletrobras. Mas o principal foi a seca, que também causou impactos para o conjunto de usinas hidrelétricas brasileiras.
A estiagem fez com que a maioria das hidrelétricas gerasse menos energia do que o volume que venderam em seus contratos neste ano. Conhecido como risco hidrológico, o problema obriga as usinas a comprar o que não conseguiram produzir no mercado de curto prazo.
Como a energia no mercado à vista ficou cara praticamente pelo ano todo e chegou a bater o teto de R$ 822,83 por megawatt (MW) em algumas semanas do ano, coube à Eletrobras arcar com essas despesas, até a aprovação do novo reajuste anual. Segundo a companhia, a despesas atingiu valores entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões por mês e a conta deve encerrar o ano negativa em R$ 3,946 bilhões.
Do reajuste de 46,14%, 45,27 pontos porcentuais dizem respeito ao ressarcimento que a Eletrobras terá direito por carregar essa dívida. A companhia chegou a pedir que as tarifas fossem elevadas já a partir de dezembro, mas a Aneel negou o pedido de revisão tarifária extraordinária e manteve a data do reajuste em 1º. de janeiro. O órgão regulador também rejeitou a solicitação de que esse ressarcimento fosse pago com juros correspondentes ao custo de oportunidade.
O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, admitiu que o reajuste aprovado é elevado e concordou com o diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Aneel), Marco Delgado, que demonstrou preocupação com a questão. “Para aquelas empresas que recebem cotas de Itaipu, é bastante impactante”, afirmou Rufino.