Instabilidade externa, agenda forte e fechamento de mês levam Bovespa à queda

A indefinição externa contamina o Ibovespa, que passa por realização de lucros, depois ter subido ontem 2,03% (95.735,35 pontos), nesta terça-feira, 30, de agenda considerada de peso para os mercados. Neste sentido, até que os dados e as informações esperadas para hoje sejam divulgados, o movimento na B3 tende a ser de instabilidade, o que pode ser ainda reforçado pelo fato de ser fechamento de mês e de trimestre.

Ainda assim, o principal índice à vista da B3 caminha para encerrar junho com a terceira valorização mensal seguida e terminar o segundo trimestre em alta. Se isso for confirmado, amainará a queda de 36,86% vista no período de janeiro a março. Contudo, ainda ficará deficitário no primeiro semestre, que acumula até o momento recuo de 17,85%. "Fechamento de mês e de trimestre é sempre complicado", diz um economista.

Às 11h05, o Ibovespa caía 0,67%, aos 95.094,38 pontos. Em Nova York, o Nasdaq e o S&P 500 subiam 0,64% e 0,24%, respectivamente, enquanto o Dow Jones caía 0,20%.

A despeito dos dados de atividade da China mostrarem recuperação da economia, investidores seguem cautelosos quanto a pandemia de coronavírus no mundo e novas medidas do país asiático em relação a Hong Kong.

O parlamento chinês aprovou uma lei de segurança nacional para Hong Kong, que aumenta o controle sobre o território e passa a valer a partir de amanhã. A nova lei é vista como risco à autonomia de Hong Kong por países ocidentais e pode gerar nova onda de protestos, agravando ainda mais a parceria chinesa com os EUA.

Em junho, o índice dos gerentes de compras do setor industrial na China subiu a 50,9, de 50,6 em maio, superando a estimativa de 50,5 pontos. Já o indicador de serviços avançou a 54,4, ante 53,6 no quinto mês do ano. "Números positivos da atividade econômica da China em junho tiveram modesto impacto nos mercados. Ainda pesam as notícias de fechamento em algumas economias por causa do ressurgimento da covid-19", cita em nota a MCM Consultores, lembrando que a grande expectativa do dia é a participação do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, no Congresso americano, na tarde desta terça.

Enquanto a China dá sinais de retomada, a atividade no Brasil ainda está capenga. A taxa de desocupação no Brasil ficou em 12,9% no trimestre encerrado em maio, após 12,6% em igual período finalizado em abril e depois de 12,3% visto no trimestre concluído no quinto mês de 2019. O resultado ficou perto da mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo <b>Projeções Broadcast</b>, calculada em 13,0%, e dentro do intervalo entre 12,3% e 14,8%.

Com a economia enfraquecida por conta dos efeitos da covid-19, o governo deve anunciar hoje a extensão do auxílio emergencial, com mais duas parcelas de R$ 600, o que pode elevar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro e a medida ainda ser bem vista no Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é um defensor desse valor.

A despeito dos dados da China, o minério de ferro fechou em baixa de 0,42%, a US$ 99,43 a tonelada, no porto de Qingdao, e as ações da Vale ON na B3 caíam 0,95%, às 11h07. O petróleo também cai, atingindo os papéis da Petrobrás: PN cedia 1,62% e ON recuava 2,08%.

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