Português de Lisboa e há quatro anos no Brasil, o presidente Brasil Factors, João Costa Pereira, afirma que o factoring é o produto financeiro que mais cresce no mundo há 20 anos. “Costumamos dizer lá fora que é um produto tão fundamental e está no topo da lista dos instrumentos utilizados pelas PMEs (Pequenas e Médias Empresas) e na lista de estratégias de qualquer banco de investimento”, disse o presidente da Brasil Factors, que tem como acionista a Internacional Finance Corporation (IFC), o maior banco de desenvolvimento do mundo e braço financeiro do Banco Mundial.
Para ele, quem pensa que factoring é coisa de agiota deveria rever seus conceitos. “É coisa muito séria que é tratada nas Nações Unidas, no Banco Mundial. O banco europeu para construção e desenvolvimento tem uma estratégia muito clara com o factoring. O Bladex (Banco Central dos bancos centrais da América Latina) tem uma estratégia de factoring”, disse o executivo.
Todavia, segundo ele, a penetração das empresas de factoring no Brasil é muito pequena. Hoje o setor conta com 600 companhias que atendem 150 mil clientes e faturam, juntas, R$ 100 bilhões por ano. Mas poderia ser maior se fosse levado em conta que há no País, atualmente, 3 milhões de médias e pequenas empresas. “A maior parte do crédito no Brasil é dado entre empresas. O problema é que elas não têm vocação de crédito. É aí que entram as factorings”, disse Costa Pereira.
O presidente da Associação Nacional Factorings (Anfac), Luiz Lemos Leite, assegura que as empresas de factorings garantem os empregos com carteira assinadas, direta e indiretamente, de 2,5 milhões de pessoas. Ainda de acordo com ele, das 150 mil empresas clientes das factorings, 80% são indústrias.
Portanto, segundo ele, há muito espaço no Brasil para o setor crescer. Na Inglaterra, por exemplo, que tem um PIB parecido com o brasileiro, afirma o presidente da Brasil Factors, 13% do PIB inglês passa pelas empresas de factroring, que faturam US$ 500 bilhões por ano. “Em Portugal quase 13% do PIB também passam pelas factorings. Na Itália as factorings faturam 150 bilhões de euros”, disse Costa Pereira. A média da Europa como um todo é de 6% do PIB.
Na China, o factoring começou em 2005 e no ano passado o faturamento ultrapassou os US$ 500 bilhões. “Ao contrário do Brasil, na China são os grande bancos que fazem factoring. E eles fazem uma coisa que nós negligenciamos aqui, que é usar o factoring para exportação”, afirmou.