A receita real do setor de serviços caiu pelo oitavo mês consecutivo em outubro, segundo cálculos do economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes. “Um avanço de 5,2% como o registrado em outubro é, em termos nominais, uma receita muito baixa”, disse ele ao comentar em nota os resultados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) referente ao décimo mês do ano, divulgada nesta terça-feira, 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O especialista destaca que a inflação do setor de serviços está na casa de 8% há algum tempo, o que limita os ganhos reais dos empresários do setor. Segundo ele, em outubro, a receita real de serviços caiu 3,3%. No acumulado em 12 meses a retração está em 1,8% e, no ano, em 2,1%. Na PMS, o IBGE divulga apenas a receita bruta nominal do segmento. De acordo com os dados publicados nesta terça, a receita bruta nominal avançou 5,2% na comparação com outubro de 2013, após registrar alta de 6,4% em setembro, na mesma base comparativa.
Na abertura dos dados, Bentes destaca que os serviços prestados para empresas são os que menos cresceram em termos nominais em outubro. Nos segmentos de informação e comunicação, houve aumento de 2,1% na receita bruta e, no de transportes, de 3,1%, por exemplo. “Os serviços prestados para as empresas representam, seguramente, 85% da PMS do IBGE”, destacou. Dessa forma, eles são os principais responsáveis pelo menor ritmo de expansão da receita do segmento.
No âmbito dos serviços prestados às famílias, segue Bentes, o arrefecimento do mercado de trabalho é o principal fator que pesa negativamente. “Este ano, provavelmente, vamos ter a menor geração de postos de trabalho da década”, comentou. Além disso, destaca o economista na nota, a renda real dos trabalhadores também tem crescido menos. “No ano passado, o aumento da renda no emprego formal foi de 4,4%. Este ano está em cerca de 1%”, exemplificou.
Apesar de não projetar um número para o desempenho da receita de serviços no ano, Bentes garante que 2014 certamente registrará queda na receita real do setor. “Parte é culpa da inflação alta do segmento, mas não é só isso. É realmente uma estabilidade em termos de atividade”, ponderou. Para ele, não há perspectiva de recuperação no curto prazo.