Economia

Celulose deve seguir em alta no início do ano

Ao contrário do ocorrido com os preços da maior parte das commodities, como minério de ferro e petróleo, que despencam ao final deste ano, os valores internacionais da celulose sobem desde outubro e devem ter trajetória positiva nos primeiros seis meses de 2015. A partir do segundo semestre, no entanto, a chegada ao mercado da celulose produzida pela fábrica Guaíba, da CMPC Celulose Riograndense, pode pressionar os preços, conforme expectativas da Fibria e Suzano Papel e Celulose. Especialistas, no entanto, minimizam o impacto, ao justificar que o fechamento de capacidades no mundo tem dado o tom para a precificação da commodity.

Para Guilherme Cavalcanti, diretor Financeiro da Fibria, a celulose tem foco no consumo e, diferentemente do minério de ferro, menor dependência da economia chinesa. “A celulose é uma commodity de consumo, com papel para embalagens e o tissue (fins sanitários). Ela tem destino diferente e dependência menor do investimento de capital fixo”, disse, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

De acordo com dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a China ficou em segundo lugar entre os maiores compradores do insumo brasileiro, com US$ 1,414 bilhão exportado de janeiro a outubro deste ano, o que representa 32% do total das vendas externas, de US$ 4,453 bilhões. A Europa é o maior destino da produção, com US$ 1,765 bilhão, cerca de 40% do total. A América do Norte foi responsável por 18,4%.

O vice-presidente da Pöyry no Brasil, Carlos Farinha e Silva, concorda com a força do consumo e menciona, inclusive, que a demanda na China por alguns produtos tem crescido, como o tissue. O próprio recuo dos preços do petróleo é positivo para o segmento de papel e celulose, segundo ele. “Diminui os custos de energia dos produtores de papel e dá certa folga para que os produtores de celulose repassem o preço e rentabilizem as vendas”, explicou.

Em outubro, Fibria e Suzano anunciaram novos valores de referência da celulose. Na Europa, o valor ficou em US$ 750 a tonelada, nos Estados Unidos em US$ 840 e na Ásia em US$ 640 a tonelada. Segundo Cavalcanti, da Fibria, os aumentos em outubro já foram implementados e a companhia segue confiante. “Nos 10 primeiros meses do ano, a demanda por celulose cresceu 10,5% ante o ano passado.” A Fibria já anunciou nova alta de US$ 20 por tonelada em cada mercado, a ser implementada a partir do dia 1º de janeiro. A Suzano, por sua vez, apenas assumiu que novos ajustes estão em estudo.

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