As geradoras de energia estão mais otimistas. Isso porque os preços de energia para contratos de longo prazo no mercado livre dão sinais de recuperação e a previsão das empresas é de que o movimento vai continuar, o que pode garantir melhores resultados com a venda de seus volumes descontratados para os próximos anos.
“Temos visto a liquidez voltando e acho que vai melhorar um pouco mais (o nível de preço de longo prazo)”, disse o presidente da AES Brasil, Julian Nebreda, em teleconferência de resultados da geradora do grupo, a AES Tietê. Na ocasião, a companhia revelou ter revisado suas projeções para os preços de energia longo prazo, elevando-os para o patamar entre R$ 140 e R$ 170 por megawatt-hora (MWh) a partir de 2018, ante a projeção anterior de R$ 120/MWh a R$ 150/MWh, após ter fechado contratos no patamar superior do intervalo anterior. Já a Copel sinalizou que os preços para a energia convencional para 2017 estão em cerca de R$ 160 por MWh, enquanto para 2018 ficam em aproximadamente R$ 150/Mwh.
A empresa especializada na captura de preços do setor elétrico Dcide registra que já houve uma recuperação dos preços para os contratos de longo prazo nos últimos meses. O contrato de energia convencional para entrega entre 2017 e 2020 estava em R$ 158,22/MWh em meados de agosto, acima dos R$ 121/MWh observados em fevereiro. “Esse nível de R$ 158 – R$ 160 é um patamar razoável do ponto de vista histórico”, disse o diretor da Dcide, Herinque Leme Felizatti. Ele acrescentou que, retirando o efeito da inflação, o preço atual ainda está “levemente” abaixo da media histórica, o que pode permitir a continuidade da curva de alta, a depender de variáveis como recuperação de carga e hidrologia.
A recuperação do preço observada recentemente se deve, em grande medida, à revisão da projeção da carga feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que passou a considerar “uma leve recuperação da economia em 2017, seguida de um cenário mais favorável a partir de 2018”. Com isso, o operador elevou o volume de carga previsto e, agora, espera uma taxa média anual de crescimento de 3,7% entre 2016 e 2020.
O presidente da AES Tietê, Ítalo Freitas, explicou que a nova estimativa da companhia para os preços também leva em conta a hidrologia abaixo da média histórica, a possibilidade de estabelecimento do fenômeno La Niña e a possível mudança no critério de cálculo do preço spot pelo governo, com a inclusão de novos parâmetros de curva de aversão ao risco.
Os preços energia no mercado à vista, chamado PDL, também apontam para cima. O valor do PLD de agosto superou o patamar de R$ 100/MWh, depois de fechar julho em uma média de R$ 83,43/MWh. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.