A retomada das exportações de petróleo do Irã parece ter estagnado, sete meses após o país conseguir se livrar de sanções do Ocidente por causa de seu programa nuclear. O episódio gera incerteza sobre a disposição do país em cooperar com outros produtores para controlar a oferta da commodity nos mercados internacionais.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) deve discutir potenciais limites à produção no próximo mês. O Irã anteriormente se recusou a participar dessas iniciativas voltadas para impulsionar os preços pois Teerã desejava elevar a produção para alcançar o nível anterior às sanções.
Agora, porém, há dúvidas sobre a capacidade do país de alcançar os níveis superiores a 4 milhões de barris por dia de antes das sanções. A produção de petróleo iraniana está em 3,85 milhões de barris por dia em agosto, afirmou no sábado o ministro do Petróleo, Bijan Zanganeh, uma pequena alteração ante os 3,8 milhões de barris por dia citados por ele em junho. O número é superior aos menos de 3 milhões de barris por dia antes da retirada das sanções em janeiro, mas fica aquém das metas determinadas pelo próprio país.
A Agência Internacional de Energia diz que a produção de petróleo do Irã na verdade recuou em julho, para 3,6 milhões de barris por dia. Na semana passada, o diretor de marketing da estatal National Iranian Oil, Mohsen Ghamsari, afirmou que o país ainda está 200 mil barris por dia atrás de suas exportações de antes das sanções.
O Irã disse à Opep que planeja participar das conversas no próximo mês, segundo delegados do cartel. A dificuldade na produção iraniana “complicará as negociações”, afirmou John Hall, presidente da consultoria Alfa Energy. “Isso será difícil. Os iranianos não vão recuar.”
Por outro lado, alguns na Opep dizem que se Irã atingir um teto natural na produção isso pode ser suficiente para convencer a rival Arábia Saudita a participar do acordo no próximo mês. Os sauditas têm produzido em nível recorde e podem estar mais inclinados a um acordo se o Irã parecer fraco. “A produção iraniana parece presa a um certo nível e não sobe como antes”, disse uma autoridade saudita.
O Irã enfrenta a falta de investimento estrangeiro e sua própria falta de disposição em cortar os preços para enfrentar a concorrência. “Outros exportadores tomaram o lugar do Irã durante as sanções”, lembra Erfan Ghassempour, assessor de companhias petroleiras estrangeiras no Irã. Segundo ele, deve levar tempo para o Irã retomar os negócios com os “velhos amigos”. Fonte: Dow Jones Newswires.