Cidades

Nossa São Paulo lança Observatório Cidadão

O Movimento Nossa São Paulo apresentou indicadores sociais da Capital e lançou o Fórum para uma cidade justa e sustentável durante evento realizado na quinta-feira, 24

O objetivo da iniciativa é propor melhorias para o município e acompanhar as mudanças pelo Observatório Cidadão, além de expandir a idéia para outros locais do País.

"O lançamento é um marco-zero dos trabalhos. A cada ano, vamos sentar e olhar se a cidade piorou ou melhorou," explica Oded Grajew, um dos articuladores do movimento, que é apartidário e reúne diversas empresas e pessoas físicas. Segundo ele, os trabalhos lançados agora foram provocados pelo desencanto da população em relação aos políticos e à democracia.

Pesquisa realizada pelo Ibope aponta que 60% das pessoas acreditam que a qualidade de vida não mudará com as eleições municipais deste ano. "No fim de 2008, temos de provar que é possível essa união da sociedade sem fins eleitorais," argumentou Oded.

Os indicadores da cidade estão disponíveis no site www.nossasaopaulo.org.br e podem ser consultados livremente. Durante quatro meses, pessoas ligadas ao movimento colheram dados municipais e dividiram os resultados entre as 31 subprefeituras da capital. As informações serão um dos instrumentos nas discussões do Fórum.

O lançamento foi prestigiado pelo prefeito, Gilberto Kassab (DEM), pelo senador Eduardo Suplicy (PT) e pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), entre outras autoridades. O padre Jaime Crowe, que participa do movimento, destacou que São Paulo é de "todos nós" e convidou a população a discutir os indicadores e apontar soluções para os problemas. "Quando tivermos as propostas finais, levaremos até os candidatos a prefeito." Entre 15 e 18 de maio, o movimento vai organizar as plenárias finais do Fórum.

"Sociedade civil precisa assumir seu papel", diz Francisco Whitaker

O conselheiro do Fórum Social Mundial, Francisco Whitaker, destacou que os trabalhos anunciados pelo Nossa São Paulo já agregaram muitas pessoas e que o apoio tende a crescer. "É a sociedade civil que tem de assumir seu papel autônomo em relação a partidos e governos e conhecer a própria força," assinalou. Ele também destacou a intenção do movimento de fazer ações exemplares para outros municípios.

Outra proposta do Movimento Nossa São Paulo é o acompanhamento da execução do orçamento municipal pela prefeitura. Segundo Maurício Broinizi, secretário-executivo do movimento, apenas 9 dos 33 órgãos municipais (incluindo as subprefeituras, o Tribunal de Contas e a Prefeitura) exibem ao público os gastos mensais. A exigência está na Lei Municipal de Transparência Orçamentária.

"O que nós já fizemos também foi pedir à Secretaria de Planejamento que mude a nomenclatura de alguns itens do orçamento para facilitar o entendimento de quem consulta o documento," explica Broinizi. Foi ele quem coordenou os 14 grupos de trabalho que reuniram os dados dos 130 indicadores apresentados pelo movimento.

"Nós colocamos à disposição para consulta toda essa metodologia. Se alguém quiser fazer em outra cidade, o mais importante é ter vontade política e não ligar os trabalhos aos partidos," definiu o secretário.

Câmara é instituição menos confiável em SP

Pesquisa encomendada pelo Movimento Nossa São Paulo ao Ibope mostra que a Câmara de São Paulo, onde se concentram os vereadores, é a instituição com menor taxa de confiança entre os entrevistados.

A sondagem foi feita em janeiro com 1.512 pessoas em oito regiões da cidade. O Ibope avaliou mais de 200 itens para medir a percepção dos paulistanos. Em um ano, a pesquisa será repetida para comparar os resultados.

A mesma pesquisa aponta que 42% classificam o trabalho dos legisladores municipais como ruim ou péssimo. No Movimento, um dos grupos de trabalho é o de Acompanhamento da Câmara Municipal, que definiu critérios para avaliar o trabalho do órgão. "Vamos passar a avaliar o nível de transparência do Legislativo, assim como divulgaremos com o votaram os nossos vereadores," exemplifica Maurício Broinizi.

Para adotar critérios de observação do trabalho dos parlamentares, os integrantes do grupo de trabalho realizaram dois seminários na Câmara e várias reuniões internas. "Vamos também aproveitar experiências da cidade de Bogotá, na Colômbia, e de ONGs como o Instituto Ágora e o Movimento Voto Consciente."

Insatisfação se estende a serviços públicos

Alguns serviços básicos de infra-estrutura, tais como recolhimento de lixo, limpeza de ruas e avenidas, fornecimento de água, luz e gás, saneamento básico/esgoto obtêm avaliações acima da média na pesquisa. Por outro lado, os serviços essenciais de Transporte Público (5,3), Educação Pública (4,9), Saúde Pública (4,2) e Segurança Pública (4,2) deixam a desejar.

A última pergunta feita aos entrevistas foi se eles sairiam de São Paulo se pudessem. A maioria, 55% das respostas indicaram a vontade de mudar-se para outra cidade. A pesquisa completa pode ser vista no site do Movimento (www.nossasaopaulo.org.br).

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