Dentre os 26 principais produtos avaliados no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas dez apresentaram alta na estimativa de produção em relação ao ano anterior. Os principais destaques positivos foram cevada em grão, com alta de 54,1%; aveia em grão, com 46,5%; triticale em grão, com 20,5% e café em grão arábica, com 19,7%.
Amendoim em casca primeira e segunda safra, batata-inglesa primeira safra, cebola, mamona em baga e trigo em grão também apresentaram alta.
Os 16 produtos com variação negativa na produção foram: algodão herbáceo em caroço (-18,5%), arroz em casca (-14,9%), batata-inglesa 2ª safra (-4,3%), batata-inglesa 3ª safra (-2,3%), %), cacau em amêndoa (-4,6%), café em grão canephora (conilon) (-26,6%); cana-de-açúcar (-1,8%), feijão em grão 1ª safra (-15,8%), feijão em grão 2ª safra (-14,9%), feijão em grão 3ª safra (-0,5%), laranja (-3,2%), mandioca (-2,1%), milho em grão 1ª safra (-16,1%), milho em grão 2ª safra (-27,3%), soja em grão (-0,8%) e sorgo em grão (-43,4%).
Fator climático
O fator climático é um dos principais responsáveis pela queda nas estimativas da produção agrícola brasileira, de acordo com o IBGE. “O clima foi piorando. Os únicos meses em que podemos dizer que houve chuva em abundância foram dezembro e janeiro, que pegaram a cultura na fase de desenvolvimento ainda”, afirmou o gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, Carlos Alfredo Guedes.
Segundo ele, durante o período com melhores níveis de chuva, algumas culturas já estavam em fase final de desenvolvimento, como foi o caso do milho que, posteriormente, enfrentou um período de seca. “(Em janeiro) você pega o milho em fase de desenvolvimento das espigas. Depois, em fevereiro, março, abril, o clima foi só piorando. Chegou o inverno, quando geralmente chove pouco, e neste ano choveu menos ainda”, comentou.
A estimativa de agosto para a produção anual é de 186,1 milhões de toneladas, 11,1% menor do que as 209,4 milhões de toneladas registradas em 2015. Porém, a estimativa de área colhida é bem próxima: 57,4 milhões de hectares em 2016 ante 57,6 milhões de hectares em 2015. Segundo Guedes, essa relação deixa claro que a explicação para a queda na produção está “justamente na estiagem”.
Milho
Uma das principais explicações para a queda de 11,1% nas estimativas da produção nacional agrícola em 2016 em relação ao ano passado é o recuo na safra de milho. No mês de agosto, o produto apresentou queda de 16,1% nas estimativas da produção da primeira safra em relação a 2015, e na segunda safra a redução foi ainda maior: 27,3%. Na passagem de julho para agosto, o recuo foi de -2,3% na primeira safra e de -4,6% na segunda, conforme informou o IBGE.
A baixa na colheita do cereal está relacionada principalmente aos fatores climáticos. “Começamos em janeiro com 80 milhões de toneladas estimada em 2016, subiu um pouco com as chuvas de dezembro e janeiro, tínhamos estimativa até março positiva. Depois, com a seca, as estimativas foram caindo. Hoje esperamos 65,5 milhões de toneladas”, explica Guedes.
Segundo Guedes, o prejuízo não é tão grande para os produtores porque, com a queda na produção, o preço aumenta. “O prejuízo só não é maior porque o preço está bom. Você perde em quantidade, mas ganha em preço. Há um ano, a saca de 60 kg era comercializada a R$ 20, e este ano está entre R$ 40 e R$ 45”, afirmou.
O impacto da alta dos preços, porém, pode ser negativo, já que existe uma relação entre o valor do milho com o de outros produtos. “O milho é usado pra muitas coisas. Na ração de frango, de suínos, de bovinos de leite. Então, gera um impacto em outros ramos, que a população já tem sentido”, explicou.