As Forças Armadas buscam empresários para bancar competições esportivas e programas de marketing social. Uma portaria assinada pelo ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, libera patrocínios privados nos uniformes de atletas em torneios militares e nos materiais distribuídos a estudantes atendidos por projetos promovidos pelos quartéis.
A permissão para ostentar logomarcas de empresas em banners, bonés e camisetas levou em conta um problema de caixa. Do ano passado para cá, os recursos do programa Forças no Esporte, destinado a crianças e adolescentes, e também do projeto de alto rendimento de atletas foram reduzidos.
Em 2019, o Ministério da Defesa investiu R$ 40 milhões no programa Forças no Esporte, voltado a estudantes de 6 a 18 anos, especialmente de periferias de cidades, regiões de fronteira e municípios da Amazônia. Neste ano, a pasta planeja gastar R$ 79 milhões, mas até agora o orçamento só garantiu R$ 23 milhões.
Um total de 29 mil crianças e jovens foi atendido pelo programa no ano passado. Mesmo sem depender dos patrocínios, o ministério tem a meta de beneficiar, daqui até dezembro, 40 mil estudantes.
Diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa, o general Jorge Antonio Smicelato afirmou que a medida, assinada pelo ministro no último dia 20, "abrirá a porta" dos eventos das Forças Armadas a empresários que costumam demonstrar interesse em colaborar com as competições.
A intenção é atrair pequenos e médios empresários do interior, de localidades no entorno dos batalhões. "Muitos queriam ajudar e não sabiam como", disse o general. "Agora, em vez de reclamar do governo e deixar o jovem servir de aviãozinho ao tráfico, o pequeno empresário pode ajudar no aumento de crianças atendidas."
O governo não vê conflito de interesses nas publicidades privadas, em especial nas roupas e equipamentos de atletas da Aeronáutica, do Exército e da Marinha que participam de competições militares. Segundo Smicelato, as parcerias serão monitoradas pela estrutura de fiscalização dos comandos das Forças e dos órgãos externos. "A margem para qualquer irregularidade é mínima", afirmou.
Em outra esfera, a portaria abre espaço a patrocínios de atletas de alto rendimento das Forças Armadas. Neste caso, a medida só prevê a publicidade em competições militares. A preparação para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, organizados pelo Comitê Olímpico Internacional, não foi abrangida pela portaria. Mesmo assim, a Defesa avalia que poderá atrair grandes empresas. O ministério aposta na aceitação da "marca" das Forças para garantir patrocínios elevados e compensar a queda de recursos.
Jogos. Neste ano, o setor esportivo militar terá um investimento de R$ 5,8 milhões, quase a metade do gasto em 2019. A queda foi sentida também na área específica do alto rendimento. O orçamento prevê R$ 735 mil para a preparação dos atletas, abaixo dos R$ 2,6 milhões desembolsados no ano passado. Neste caso, a diminuição dos recursos também está relacionada ao calendário esportivo. A Defesa gastou mais em 2019 para garantir a preparação dos atletas nos Jogos Mundiais Militares na China. Os brasileiros conquistaram um terceiro lugar no quadro geral de medalhas, ficando atrás dos donos da casa e dos russos.
Os atletas de alto rendimento, neste primeiro semestre, estão sendo financiados pelo Comitê Olímpico Brasileiro, de olho na Olimpíada de Tóquio. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>