A satisfação dos consumidores com a economia no momento presente tem tido quedas sucessivas nos últimos meses e chegou em setembro ao menor patamar desde abril de 2009, ano da crise econômica mundial. “A percepção dos consumidores vem se deteriorando há algum tempo porque os fatores econômicos não estão mostrando recuperação”, afirmou a economista Viviane Seda, coordenadora da Sondagem do Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O índice de situação atual da economia local caiu de 65,4, em agosto, para 62,8 pontos – em abril de 2009 tinha sido de 56,5. A média dos últimos cinco anos é de 95,7. Além disso, o porcentual de consumidores que consideram boa a situação atual da economia caiu de 12,5%, em agosto, para 11,8% neste mês. Enquanto isso, o total que considera ruim foi de 47,1% para 49%, também o maior resultado desde abril de 2009 (51%).
Em um levantamento feito somente neste mês, a FGV identificou os fatores que mais têm influenciado a avaliação dos consumidores sobre a situação econômica atual. Na ordem, estão: inflação (49,4%), noticiários econômico (46,1%) e político (36,7%), mercado de trabalho (27,7%), nível da taxa de juros (24,3%), carência de investimentos produtivos (20,7%) e disponibilidade de crédito para consumo (9,3%). Os entrevistados puderam apontar mais de um fator.
“Como o noticiário político está em terceiro lugar, pode ser que passado esse período conturbado de eleições os consumidores estejam olhando para a sinalização econômica de uma maneira mais favorável”, afirmou.
A FGV apontou ainda que a satisfação dos consumidores com o momento presente diminuiu 2,2%, em setembro na comparação com o mês anterior, para 104,8 pontos (numa escala de zero a 200). “Tanto em relação à economia quanto às finanças pessoais, os consumidores estão insatisfeitos. Eles se mantêm preocupados com as variáveis que atrapalham essa evolução da economia (inflação, taxa de juros, mercado de trabalho), além de estarem mais endividados”, afirmou.
A situação atual financeira das famílias ficou em 106,8 pontos neste mês, abaixo da média dos últimos cinco anos (113,6).
Estabilidade
A variação positiva de 0,7% no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) entre agosto e setembro é vista como uma estabilidade, sendo preciso aguardar os próximos meses para avaliar se a tendência de melhora se mantém, afirmou Viviane Seda. “É uma melhora, mas estamos considerando como um cenário de estabilidade porque os resultados estão muito voláteis nos últimos meses. A gente observa que houve uma queda de confiança iniciada em setembro (de 2013), com uma melhora pontual em julho, seguida de uma queda muito forte em agosto. Agora existe uma recuperação muito pequena”.
Por isso, a economista aponta que é preciso ter uma cautela em relação à análise. “A gente tem que olhar os próximos para ver se há uma reversão de tendência (de piora da confiança) ou não. Parece muito cedo para falar de reversão”.
O levantamento da FGV mostra que a análise do consumidor sobre a situação atual continua piorando, mas há uma melhora nas expectativas para os próximos meses.
O Índice de Expectativas (IE) subiu 2,1% no período, aos 102,2 pontos, ainda abaixo da média dos últimos cinco anos (108,7). “Foi uma melhora percebida por dois quesitos, que é a expectativa sobre a situação econômica e uma melhora no indicador de compra de bens duráveis”. Já em relação à expectativa de situação financeira das famílias não há um maior otimismo.
“Há uma perspectiva melhor da economia para os próximos seis meses, mesmo a gente considerando que as variáveis econômicas não se alteraram do mês passado para o atual. Pode ser que os consumidores estejam olhando para os próximos seis meses vendo um momento mais estável após o período conturbado de eleição.”