O País criou 19,8 mil leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para tratamento da covid-19 durante a pandemia, um salto de cerca de 45% em relação às 45,4 mil unidades que funcionavam antes da doença. Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina, no entanto, o aumento se deu de forma desigual na rede privada e no Sistema Único de Saúde (SUS).
Até fevereiro as unidades eram divididas praticamente da mesma forma entre a rede do SUS e a estrutura privada e suplementar, que atende 22% da população. Cerca de 44% dessas UTIs exclusivas para covid-19 foram criadas na rede pública (8.764) e as demais estão vinculadas ao setor privado e suplementar (11.061).
Para o levantamento, o CFM utilizou dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. A oferta nessa área já vinha crescendo desde 2011.
O conselho aponta que, antes da pandemia, 14 Estados ofertavam menos leitos de UTI do que o recomendado por especialistas, ou seja, de 1 a 3 unidades a cada 10 mil habitantes. Só o Sudeste concentrava 52% das unidades da rede pública até o começo do ano. "Já tínhamos o sistema à beira do caos em muitos lugares. Com a pandemia, aconteceu uma catástrofe", afirma Donizetti Giamberardino, primeiro vice-presidente do CFM. "Em Estados onde a rede era insuficiente, esperamos que sejam mantidos os leitos."
O conselho estima, no entanto, que cerca de 20% dos leitos criados no SUS operam em hospitais de campanha – cujas estruturas já começam a ser desmontadas em lugares como Manaus e São Paulo. Hoje, no País, 30% dos leitos de UTI são exclusivos para tratamento da covid-19. Em seis Estados esses espaços representam mais de 40% da oferta total de unidades para tratamento de pacientes graves, independentemente da doença. O maior porcentual , de 46%, está no Piauí. Em São Paulo, são 29% dos leitos.
O CFM aponta ainda que 96% dos espaços criados para pacientes graves da pandemia são de atendimento adulto e sete Estados sequer têm leitos pediátricos desse tipo no SUS: Acre, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas e Sergipe.
Procurado para comentar o levantamento, o Ministério da Saúde não se manifestou – mas informou ontem, em entrevista, que financia 11.353 leitos exclusivos da covid-19 no Brasil. Cada um recebe uma diária no valor de R$ 1.600.
Para o CFM, a diferença de número de leitos financiados pelo governo federal daqueles apresentados no levantamento se explica porque os dados do cadastro nacional estarem disponíveis apenas até junho.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>