Economia

Perspectivas para inflação evoluíram favoravelmente e dentro do esperado, diz BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avalia que as expectativas para a evolução da inflação têm evoluído de maneira positiva e dentro do esperado pelo Banco Central. “Todos os membros do Comitê concordaram que as perspectivas para a inflação evoluíram de maneira favorável e, em boa parte, em linha com o esperado desde a reunião do Copom em janeiro”. É o que diz a ata da mais recente reunião do comitê publicada na manhã desta quinta-feira, 2, pelo BC.

Os diretores do Banco Central argumentam que “o amplo conjunto de medidas de núcleo da inflação acompanhado pelo Copom aponta para inflação em níveis compatíveis com a meta de 4,5% para 2017 e 2018”. Além disso, o texto observa que as “expectativas de inflação seguem ancoradas”.

Cenários

No documento, as estimativas oficiais do BC para a inflação do chamado “cenário de referência” caíram de 4,0% para 3,8% em 2017. Para o próximo ano, a expectativa também caiu marginalmente e passou de 3,4% para 3,3%. No chamado “cenário de mercado” – que leva em conta a evolução das projeções dos analistas, a previsão para o IPCA em 2017 caiu de 4,4% para 4,2%. Para 2018, a expectativa desse cenário seguiu em 4,5%, mesmo patamar observado na ata anterior.

Condições

Na ata, o Copom voltou a afirmar que eventual aceleração no ritmo de corte de juros depende de aspectos como a extensão do ciclo e a evolução da atividade econômica, além de temas estruturais como o juro neutro no País.

“O Copom ressalta que uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação”, cita o parágrafo 27 da ata divulgada nesta quinta.

Outro aspecto citado no documento é o chamado juro neutro – situação em que a taxa de juro não pressiona os preços nem contém a atividade econômica. “O Copom entende que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira, que continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo”, cita a ata, no parágrafo 26.

Nesse mesmo trecho do documento, os diretores do BC explicam que a redução do juro de 13% para 12,25% foi tomada com o entendimento de que “a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária”. Esse horizonte utilizado pelo BC, explica o texto, “inclui os anos-calendário de 2017 e, com peso gradualmente crescente, de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária”.

No parágrafo 19 do documento, o colegiado afirmou que, “em relação ao ritmo de flexibilização ao longo do ciclo, o Comitê entende que, para uma dada estimativa de sua extensão, uma intensificação do ritmo equivale a um maior grau de antecipação do ciclo”.

De acordo com a ata, “alguns membros do comitê ponderaram que essa estimativa de extensão poderá ser revisada também em função do grau de antecipação do ciclo”.

No documento, o BC esclareceu que a “extensão do ciclo” é entendida como a “redução acumulada da taxa Selic ao cabo do processo de flexibilização monetária”.

Reação

Apesar do cenário favorável de queda dos preços de alimentos, o Banco Central avalia que o Copom não deve reagir aos efeitos primários desse choque de oferta. Na ata, o BC avalia que a política monetária deve concentrar-se nos possíveis efeitos secundários desse choque, que podem contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação e da inflação em outros setores da economia.

“A retomada na desinflação dos preços de alimentos constitui choque de oferta favorável, que pode ter efeitos secundários na inflação”, diz o texto da ata ao comentar a evolução dos preços de alimentos e o impacto na queda da inflação.

Na reunião do Copom, os membros do comitê voltaram a enfatizar que o ambiente com expectativas de inflação ancoradas permitiria ao BC se concentrar em evitar possíveis efeitos secundários de ajustes de preços relativos que possam ocorrer ao longo do tempo. Isso se aplica ao choque de oferta favorável nos preços de alimentos.

“O Copom entende que deve buscar identificar os efeitos primários desse choque de oferta, aos quais a política monetária não deve reagir, levando em conta as condições de demanda no setor”, afirma o colegiado no texto da ata.

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