A Fundação Antônio Helena Zerrenner, que administra o patrimônio da família fundadora da cervejaria Antarctica – que se fundiu com a Brahma, dando origem à Ambev -, anunciou na sexta-feira, 15, a compra de 15,31% das ações ordinárias da Itaúsa, holding de investimentos do grupo Itaú Unibanco, por R$ 4,519 bilhões. A fatia adquirida pertencia a Petros (fundo de pensão da Petrobras), que saiu totalmente do negócio.
A operação foi realizada via leilão na B3 (antiga BM&FBovespa). Ao jornal O Estado de S. Paulo, Edson De Marchi, diretor executivo da fundação, disse que a entidade passa a deter assento no conselho da Itaúsa, que neste ano anunciou a compra da Alpargatas. A fundação também é uma das maiores acionistas da Ambev, com 10,2% das ações ordinárias da gigante de bebidas.
De Marchi afirmou que a fundação, que tem R$ 37 bilhões sob gestão, já tinha interesse em ter participação na Itaúsa há pelo menos sete anos. Nos últimos anos, a Zerrenner começou a comprar ações ordinárias e preferenciais do banco Itaú. Para concretizar a operação anunciada na sexta-feira, a fundação vendeu entre quinta-feira e a sexta os papéis do banco para se posicionar no novo negócio. Ao mesmo tempo, o Itaú recomprou suas próprias ações colocadas à venda pela entidade.
Em comunicado ao mercado, a Petros informou que vendeu todas as suas ações da Itaúsa. Foram negociadas 431,172 milhões de ações, que representam 5,76% do capital total da holding de investimento do Itaú. As ações foram vendidas em leilão a R$ 10,50, valor 13% maior do que a cotação média do papel nos últimos 12 meses.
O fundo de pensão da Petrobras adquiriu fatia relevante na Itaúsa em novembro de 2010 – o Petros montou posição ao comprar a participação que pertencia ao grupo Camargo Corrêa, por US$ 1,6 bilhão à época.
Diversificação
Segundo De Marchi, a compra dos papéis da Itaúsa representa um processo de diversificação da fundação Zerrenner, que tinha boa parte de seu patrimônio posicionado nos papéis da Ambev. A entidade também tem assento no conselho da cervejeira. “Resolvemos investir na Itaúsa, que consideramos uma empresa sólida e referência em governança.”
Expansão
A holding de investimento do Itaú Unibanco está em um momento de diversificação de seus negócios. A Itaúsa voltou às manchetes ao comprar, em julho, a fatia que a J&F – holding da família Batista, dona da JBS – detinha na Alpargatas, proprietária de marcas como Osklen e Havaianas.
Desde o ano passado, a Itaúsa já vinha sinalizando ao mercado sua intenção de ter fazer aquisições. Em 2016, a companhia chegou a analisar uma possível transação com a BR Distribuidora, da Petrobras – o negócio acabou não indo adiante, e a empresa de distribuição de combustíveis da Petrobras decidiu abrir seu capital, em operação que foi concluída nesta semana.
Além do investimento no Itaú Unibanco e na Alpargatas, a Itaúsa também tem participação na Duratex (fabricante de painéis de madeira, metais e louças), na NTS (transportadora de gás natural) e na Elekeiroz (especialidades químicas).
Fundação
A Fundação Zerrenner foi criada em 1936, após a morte de Helena Zerrenner, única herdeira da fortuna do marido, Antonio, que falecera três anos antes. O imigrante alemão Zerrenner havia sido um dos primeiros donos da Antarctica, fundada no fim do século 19. A companhia cresceu nas primeiras décadas do século 20, deixando milionário o casal, que não teve filhos.
Dedicada ao setor de educação, a Fundação Zerrenner é patrocinadora dos planos de assistência médica e das bolsas de estudos oferecidos a funcionários e aposentados da Ambev. A instituição também afirma manter projetos gratuitos de ensino fundamental, médio e profissionalizante, por meio de uma estrutura própria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.