O governo federal lança nesta quinta-feira, 14, um pacote de estímulo à modernização da indústria brasileira. Chamado de “Manufatura Avançada”, o plano tem o objetivo de levar ao setor o conceito 4.0, com a incorporação de tecnologias como robótica, nanotecnologia, e tecnologia de informação e internet das coisas ao processo produtivo.
O plano foi elaborado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) após discussões com especialistas, pesquisadores e empresários em todo o País. O governo aproveitou para analisar os programas de nações como Alemanha, China e Estados Unidos.
“O Brasil precisa atender a requisitos que envolvem tecnologia para aumentar a produtividade, como é o caso da manufatura avançada, que é um desafio global. Ao colocarmos em marcha esse plano buscamos dar resposta a isso”, disse o ministro do MCTIC, Gilberto Kassab.
O diagnóstico do governo é que há muita disparidade na aplicação de tecnologias pela indústria. O Brasil tem tecnologia de ponta na aviação comercial, petróleo e gás, agricultura, pecuária e tecnologia bancária. Além disso, há setores em que o País tem potencial para desenvolvimento, como as indústrias têxtil e calçadista, que hoje tem uso baixo de técnicas de manufatura avançada.
“Podemos combinar os setores em que somos competitivos com aqueles em que podemos ser”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Álvaro Prata. “O país que não priorizar ciência e tecnologia vai ficar à margem do desenvolvimento econômico e social”, acrescentou.
O plano estabelece algumas metas, como simplificação tributária para atração de investimentos e ampliação das possibilidades de isenção de imposto para empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento. O programa prevê ainda ajustes na lei e em programas de financiamento públicos para permitir o enfoque em projetos com essa temática. O plano ainda precisa passar pelo crivo da área econômica do governo.
Outra preocupação é a preparação dos trabalhadores para essas mudanças nos processos industriais. A ideia é que o uso de tecnologias avançadas possa ser uma oportunidade para elevar a produtividade dos trabalhadores e reduzir as desigualdades sociais.
Com o plano de manufatura, o governo espera elevar a participação dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento na proporção do PIB de 1,28% em 2015 para 2% nos próximos anos, considerando dispêndios públicos e privados.
O objetivo é melhorar a posição do Brasil no Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial, em que o País já chegou a ocupar o 48º lugar em 2013, mas caiu para o 81º em 2016. No ranking da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, o Brasil está atualmente na 69ª posição, também pior que em 2013, quando estava na 64ª.
Sirius
Em mais uma ação para estimular os segmentos de ciência e tecnologia, o presidente Michel Temer e o ministro Gilberto Kassab vão vistoriar nesta quinta-feira, 15, em Campinas (SP) as obras do Sirius, acelerador de elétrons de última geração. O Sirius é maior projeto da ciência no País hoje e deve ser entregue em 2018.
A ideia é que o projeto permita elevar as pesquisas em áreas como nanotecnologia, biotecnologia, energias alternativas, agricultura, saúde, física e ciências ambientais. O Sirius brasileiro é o único na América Latina e será aberto para uso acadêmico e industrial, para análise de qualquer tipo de material.