Rebeldes xiitas armados com facas e cassetetes atacaram e detiveram nesta segunda-feira manifestantes que protestavam contra a tomada da capital do Iêmen pelo grupo, informaram testemunhas.
Os rebeldes houthis tomaram Sanaa em setembro. Na semana passada, após vários dias de confrontos, eles colocaram o presidente, o primeiro-ministro e importantes integrantes do gabinete de governo em prisão domiciliar. Após chegar a um acordo preliminar com os houthis, o presidente Abed Rabbo Mansour Hadi e o primeiro-ministro Khaled Baha renunciaram a seus cargos, embora o Parlamento ainda não tenha aceitado os pedidos de demissão.
Enquanto os manifestantes se reuniam nesta segunda-feira na Praça da Mudança, em Sanaa – epicentro do levante de 2011 no país – milicianos houthis atacavam manifestantes e jornalistas e quebravam suas câmeras fotográficas. Não estava claro quantas pessoas haviam sido detidas, embora testemunhas tenham afirmado que os rebeldes atacaram as pessoas que estavam reunidas no local.
A violenta dispersão aconteceu enquanto estudantes da Universidade de Sanaa realizavam uma manifestação no interior do campus. Do lado de fora, houthis armados, usando uniformes militares, ostentavam fuzis Kalashnikov.
Os houthis, que controlam muitas instituições estatais desde que invadiram a capital, a partir de seu reduto no norte do país, dizem querer apenas participação igualitária de poder. Críticos afirmam porém, que eles querem manter Hadi como presidente apenas nominalmente, enquanto governam com mão de ferro. Há também quem acredite que os rebeldes são representantes do Irã, país e maioria xiita, assim como os houthis, mas o grupo nega a acusação.
O vácuo de poder no país eleva os temores de que o ramo iemenita da Al-Qaeda – que recentemente assumiu a autoria do ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo e é considerado por Washington o braço mais perigoso do grupo terrorista – se tornará ainda mais poderoso, na medida em que o Iêmen parece encaminhar para a fragmentação e o conflito assume um tom cada vez mais sectário. Os houthis e o grupo terrorista são ferozes inimigos.
No domingo, o presidente norte-americano Barack Obama defendeu sua estratégia de contraterrorismo no Iêmen, afirmando que sua abordagem “não é limpa e não é simples, mas é a melhor que temos”.
“A alternativa seria o envio de uma grande quantidade de tropas, de forma perpétua, o que poderia criar situações adversas e, provavelmente, mais problemas do que poderiam potencialmente resolver”, declarou Obama aos jornalistas durante visita à Índia. Ele disse também que o Iêmen “nunca foi uma democracia perfeita ou uma ilha de estabilidade”. Fonte: Associated Press.