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Governista Scioli vence conservador Macri, mas haverá segundo turno na Argentina

A continuidade no poder do partido da presidente Cristina Kirchner, após 12 anos no poder, ficou seriamente ameaçada após o candidato Daniel Scioli conseguir uma vitória por pequena margem no domingo frente ao conservador Mauricio Macri. Agora, os dois políticos se enfrentarão, no primeiro segundo turno da história da Argentina.

Scioli, do governista Frente para a Vitória, tinha 36,24% dos votos, com 91% das urnas apuradas em todo o país, Macri, da frente opositora Cambiemos, aparecia com 34,86%. Como Scioli não conseguiu 40% dos votos e uma vantagem de 10 pontos porcentuais sobre Madri para evitar o segundo turno, como prevê a lei, a dupla volta a se enfrentar em 22 de novembro.

Todas as pesquisas difundidas durante a campanha previam uma vitória mais contundente de Scioli. Em algumas das sondagens, inclusive, a expectativa era de vitória do governista no primeiro turno.

“Tenho muita vontade de agradecer, porque o que aconteceu hoje mudou a política do país”, discursou Macri diante de uma multidão de exultantes seguidores, quando ainda não havia resultados oficiais. Os primeiros resultados oficiais saíram quase seis horas após o fim da votação.

Um dado importante para explicar o bom resultado de Macri foi a vitória de sua candidata María Eugenia Vidal para o governo da província de Buenos Aires, distrito eleitoral mais importante do país, por 39,65% contra 34,99% do peronista e chefe de gabinete do governo nacional, Aníbal Fernández, com 92% das medas apuradas. Caso isso se confirme, o peronismo perderia o controle dessa província pela primeira vez desde 1987.

O peronista dissidente Sergio Massa, da frente Unidos por uma Nova Argentina, aparecia com 21,27% dos votos, na apuração presidencial. Massa evitou dizer se apoiará Scioli ou Macri, no segundo turno.

O resultado mostra que a maioria dos argentinos se inclinaria por uma mudança, após 12 anos de kirchnerismo, o movimento dentro do peronismo criado por Cristina Kirchner e pelo antecessor, seu falecido marido Néstor Kirchner (2003-2007). O kirchnerismo instaurou um modelo populista, com forte intervenção do Estado na economia e ampla cobertura social para os setores populares.

Macri, prefeito de Buenos Aires prestes a deixar o cargo, se apresenta como a pessoa capaz de colocar a economia do país em ordem e prometeu que buscará um acordo com os credores norte-americanos detentores títulos não saldados da dívida argentina. O candidato promete também acabar com restrições à compra de dólares e corrigir o câmbio, apresentando-se ainda como capaz de unir os argentinos, em contraposição ao estilo mais belicoso da atual presidente.

Scioli, um ex-piloto de motonáutica que perdeu o braço direito em uma competição em 1989, disse que manterá as políticas de Cristina, mas ao mesmo tempo se mostrou disposto a corrigir o que não está funcionando. “Convoco os indecisos e os independentes para esta agenda do grande futuro do desenvolvimento argentino”, afirmou Scioli. Segundo o peronista, estão em jogo nas eleições “duas visões muito diferentes, do presente e do futuro da Argentina” e seu grupo representa os que defendem a prioridade para os mais humildes.

Macri realizava uma boa eleição em outros distritos importantes, como Córdoba, onde se impunha com 53,61% dos votos, contra 18,86% de Scioli. Em Santa Fe, o líder oposicionista aparecia com 35,30%, contra 31,76% do governista. Fonte: Associated Press.

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