Internacional

UE estuda congelar negociações para entrada da Turquia no bloco

A União Europeia avalia a possibilidade de congelar as negociações sobre a entrada da Turquia no bloco. O cenário é de tensões entre as partes, após a reação dura do governo turco a uma fracassada tentativa de golpe em julho.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e várias graduadas autoridades da UE questionam a lógica de continuar a negociar, em meio a críticas sobre a democracia e o Estado de Direito na Turquia – duas condições essenciais para a entrada na UE.

Na terça-feira, a chefe da política externa do bloco, Federica Mogherini, disse estar “muito preocupada” com os planos para a volta da pena de morte na Turquia, bem como com o fechamento de jornais e a prisão de importantes políticos da oposição. A autoridade da UE disse que os acontecimentos “preocupantes” no país enfraquecem o Estado de Direito, o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, comprometendo a democracia parlamentar.

Nesta quarta-feira, a Comissão Europeia, braço executivo da UE, deve publicar um relatório sobre a candidatura da Turquia. Segundo um rascunho ao qual o Wall Street Journal teve acesso, a Comissão Europeia concluirá que piorou a situação na Turquia em relação ao Estado de Direito, à liberdade de imprensa e aos direitos humanos, na comparação com 2015. Esses pontos são critérios essenciais para a entrada na UE.

Duas graduadas autoridades disseram que os 28 ministros das Relações Exteriores da UE devem se reunir na segunda-feira em Bruxelas para discutir a relação do bloco com a Turquia e também a possibilidade de suspender o diálogo para a entrada do país. Há, porém, uma divisão entre os países sobre se é oportuno tomar um passo tão drástico, que pode ameaçar um acordo sobre imigração com a Turquia e piorar as relações com Ancara, em um momento importante na luta contra o Estado Islâmico na vizinha Síria e no Iraque. O acordo imigratório ajudou nos últimos meses a reduzir bastante o fluxo de refugiados e imigrantes na Europa.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que seria “um erro de política externa sério” encerrar o diálogo para a entrada da Turquia na UE, a menos que o país volte a adotar a pena de morte.

O rascunho do relatório, porém, aponta que cerca de 40 mil pessoas foram detidas após a tentativa de golpe em julho contra Erdogan e seu governo. Também confirmou que 140 mil funcionários públicos foram afastados ou suspensos e que mais de 4 mil instituições e companhias privadas foram fechadas e tiveram seus ativos apreendidos ou transferidos para estatais.

Enquanto isso, o próprio Erdogan questionou publicamente se a Turquia deve continuar com seu processo de décadas para entrar na UE. Nesta segunda-feira, o ministro de Assuntos da UE da Turquia, Omar Celik, disse a embaixadores da UE que a entrada do país no bloco continua a ser uma meta estratégica, mas que o bloco pode sofrer “grandes perdas” dependendo de sua postura em relação à Turquia. Fonte: Dow Jones Newswires.

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