Milhares de opositores do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, foram às ruas de Caracas neste sábado como parte de um protesto que já dura uma semana e mostra pouco sinal de perder o vapor.
No momento em que a marcha estava começando, membros da oposição furiosos arrebataram uma câmera de TV de profissionais que trabalhavam para a emissora estatal pró-governo VTV, perseguindo-os para longe da multidão jogando objetos e insultando-os.
Entre os manifestantes estava Victoria Paez, de 26 anos, que jogou uma boné de beisebol do candidato da oposição Henrique Capriles para a presidência, quando perdeu para Maduro por menos de 250 mil votos.
“Todos os dias, o governo nos dá mais motivos para deixar nossas casas e protestar”, disse Páez, que ganha menos de US$ 20 por mês como engenheira química. Ela disse que está pensando em se juntar a uma irmã e dezenas de amigos da faculdade que deixaram o país sul-americano para buscar um futuro melhor.
Enquanto ela se disse esperançosa, afirmando que o mundo começa a ver que há injustiças na Venezuela, seu pai, Carlos Páez, foi mais pessimista. “Infelizmente, se houver derramamento de sangue para que o governo mude, não será a primeira vez na história”, disse ele.
As manifestações passadas de oposição na Venezuela foram algumas delas planejadas semanas antes para garantir alta participação. Mas agora a realização quase diária de eventos, contra o que está sendo chamado de “golpe em andamento” – os supostos movimentos do governo para acumular mais poder – energizou e uniu a oposição normalmente frágil.
Autoridades impediram Capriles, na sexta-feira, de disputar eleição por 15 anos por irregularidades administrativas como governador do Estado de Miranda, uma ação condenada por seus partidários e governos estrangeiros como mais um passo rumo à ditadura, depois da decisão da Suprema Corte na semana passada de esvaziar a legislatura controlada pela oposição.
“Ninguém pode desqualificar o povo venezuelano”, disse Capriles de um palco, em breves comentários antes da manifestação começar. Quando ele convocou os manifestantes a marchar para o escritório da ouvidoria do governo, a multidão entrou em uma versão do hino nacional da Venezuela e começou a marchar em direção ao centro da cidade. Fonte: Associated Press.