Melhora do humor externo permite recuperação de parte de perdas do Ibovespa

A terça-feira, 10, promete ser de recuperação na Bolsa brasileira, em sintonia com a retomada vista no exterior, após o tombo da véspera por conta do agravamento das preocupações com o coronavírus e a crise do petróleo. A melhora de humor externa é amparada na expectativa de medidas de estímulos de grandes economias como a dos Estados Unidos e a do Japão, para tentar abrandar os estragos causados pelas recentes turbulências. Já a Rússia, centro da disputa sobre os preços do petróleo, parece que irá ceder, na tentativa de acalmar os investidores.

Ontem, o Ibovespa caiu 12,17%, tendo a maior perda diária desde 10 de setembro de 1998. Em pontuação, fechou aos 86.067,20 pontos. "Deve recuperar um pouco. Parece que a Rússia está aberta ao diálogo", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM.

Em Nova York, as perdas foram mais de 7% na véspera, sendo o maior declínio desde 2008. Hoje, sobem na faixa de 2,5% e as bolsas europeias avançam em torno de 3%. Às 10h52, o Ibovespa tinha alta de 320%, aos 88.819,86 pontos. O dólar à vista ante o real cedia 1,16%, a R$ 4,6702, após o forte avanço da véspera.

A despeito da alta ser um pouco mais intensa que a registrada no exterior, a valorização interna ainda está longe da derrocada da véspera (-12,17%), recuperando apenas cerca de 3,5 mil pontos. Além disso, já começam a surgir ações com desempenho negativo: eram quatro às 10h37, com destaque para Ambev (-1,98%). Depois do tombo da véspera, Petrobras PN (12,83%) e ON (10,87%) subiam. Vale tinha alta de 9,62%.

Para o estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimentos, Rafael Bevilacqua, o movimento na B3 foi exagerado em relação ao exterior. Uma das razões, diz, é que há muitos investidores – novos – posicionados em preços elevados. "Deve demorar um pouco para recuperar tudo. O coronavírus ainda está num ciclo de expansão fora da China", observa.

Quanto ao petróleo, conforme a <i>Reuters</i>, o governo russo não descarta medidas conjuntas com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para ajudar a estabilizar os mercados da commodity, acrescentando que a próxima reunião da Opep+ está planejada para maio-junho. Em resposta, o ministro de Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, disse que não vê necessidade de a Opep+ realizar uma reunião em maio-junho depois do fracasso de grandes produtores de chegar a um acordo para aprofundar cortes na produção em resposta ao impacto econômico do coronavírus.

Já os EUA podem anunciar uma proposta de benefícios fiscais, além da expectativa por novos cortes de juros por lá, enquanto o governo japonês deve apresentar um segundo pacote de estímulos, de 430,8 bilhões de ienes (US$ 4,1 bilhões), além de medidas fiscais no total de 1,6 trilhão de ienes, para apoiar financiamentos a empresas como parte do pacote. "Tudo ajuda, mas será difícil os mercados recuperarem tudo. Há muitas incertezas seja em relação ao coronavírus e mais ainda ante essa questão do petróleo", cita Monteiro.

Hoje, o petróleo sobe na faixa de 8% no exterior, após registrar as piores perdas ontem em 29 anos, o que já reflete sobre os papéis da Petrobrás negociados no pré mercado em Nova York, os chamados ADRs. Os da Vale também avançam, já sentindo os impactos da alta do minério de ferro na China hoje, que encerrou com valorização de 4,70% no Porto de Qingdao. Vale ON subia 8,78%, às 10h55, enquanto Petrobras tinha valorização de 9,60% (PN) e de 7,80% (ON), depois de ceder cerca de 30% ontem, após decisão da Arábia Saudita de aumentar a produção de petróleo, iniciando uma guerra de preços com a Rússia.

Em tempo: Nesta terça, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou a produção industrial de janeiro ante dezembro, que veio dentro do esperado, ao apresentar elevação de 0,9% no período e queda de 0,9% ante janeiro de 2019. No entanto, os dados ainda não captaram os efeitos do coronavírus e o IBGE ainda não sabe quando isso ocorrerá.

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