Para o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), o presidente Jair Bolsonaro, que recebeu diagnóstico positivo para covid-19 nesta terça-feira, 7, vai precisar ter cuidado com o próprio temperamento e ficar 14 dias em isolamento total, caso contrário vai "literalmente" estar transmitindo a doença. "É crime quando alguém tem consciência que está com doença infecciosa e contamina o outro intencionalmente. O presidente precisa tomar cuidado com o protocolo e com seu temperamento", afirmou Mandetta ao <b>Estadão</b>.
Em abril, Mandetta, que é médico ortopedista, anunciou pelas redes sociais que foi demitido do cargo de ministro da Saúde após uma série de embates com o presidente Jair Bolsonaro, que chamou a decisão de um "divórcio consensual".
A revelação de que está com coronavírus foi feita hoje pelo próprio chefe do Executivo, em entrevista à TV Brasil. Em entrevista coletiva, Bolsonaro minimizou seu contágio e disse que a maioria da população não sente nenhum sintoma da doença. "O presidente criou uma narrativa própria desde o início e repetiu tantas vezes que passou a acreditar nela. Quem o assessora deve ser gente sem o hábito de leitura científica ou que usa informação sem filtro da internet", afirmou Mandetta.
O ex-titular da Saúde disse, ainda, que pessoas contaminadas vão bem nos primeiros dias, mas quando acham que estão se curando, ocorre um segundo tempo pulmonar. Mandetta lembrou que 97% dos pacientes de fato sobrevivem. Bolsonaro disse que começou no domingo a sentir uma certa indisposição, que se agravou na segunda-feira, com cansaço, indisposição e febre de 38 graus. "A letalidade nos indivíduos não é alta, mas o vírus é muito competente para transmitir. Ele é mais letal para o sistema de saúde do que para o indivíduo", pontuou o ex-ministro.
Mandetta também disse que os moradores de Brasília enfrentam um risco muito elevado de contrair o covid. "Brasília está em fase de transmissão desordenada. Não dá nem para saber quem são os contactantes". Nos últimos dias, Bolsonaro teve contato com pelo menos 48 políticos, empresários e autoridades.