Mais de 41 mil crianças e adultos na Europa foram infectadas pelo sarampo apenas nos primeiros seis meses de 2018. Os dados foram apresentados nesta segunda-feira, 20, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), alertando para o fato de que a nova taxa bate recordes no atual século e já supera todos os casos registrados anualmente na última década.
De acordo com a entidade, 37 pessoas já morreram no continente europeu neste ano, 14 deles na Sérvia. Em 2017, o número de casos registrados de sarampo havia atingido 23 mil e, em 2016, foram apenas 5,2 mil as pessoas infectadas.
Agora, a OMS alerta para a proliferação da doença. Sete países, entre eles a Itália, França e Grécia, chegaram a registrar mais de mil casos. Mas o salto no número de pessoas infectadas ocorreu principalmente por conta da Ucrânia. Nos seis primeiros meses do ano, a doença atingiu 23 mil pessoas país. Vivendo ainda um conflito armado no leste do país e em crise, a Ucrânia registrou uma queda em suas campanhas de vacinação.
“Depois de uma década de queda no número de casos, estamos vendo um aumento dramático de infecções e na dimensão dos surtos”, declarou Zsuzsanna Jakab, diretora-regional da OMS para a Europa. “Apelamos a todos os países para implementem medidas imediatas para parar a proliferação da doença”, disse.
Os dados revelam que, em 2017, 43 dos 53 países da Europa tinham conseguido parar a proliferação endêmica do sarampo; 42 deles conseguiram barrar a rubéola.
Apesar disso, a OMS está preocupada com a falta de monitoramento e uma cobertura de vacinação baixa em alguns países. Em locais que conseguiram acabar com o surto nos últimos anos, a prevalência da doença e sua transmissão por mais de doze meses voltou a estabelecer o sarampo como “endêmico”.
“Isso mostra que cada pessoa que não esteja imunizada continua vulnerável, seja onde viva, e todos os países precisam pressionar para que a cobertura de vacinação seja elevada”, defendeu Nedret Emiroglu, diretor de Emergências da OMS na Europa.
Altamente contagioso, o sarampo é considerado na OMS como uma das prioridades para a próxima década. “Para evitar surtos, a cobertura de imunização precisa atingir 95% das pessoas, com duas doses por ano”, estima a agência de Saúde.
O problema, segundo a OMS, é que certas regiões da Europa continuam com uma cobertura abaixo de 70%. “Podemos frear essa doença. Mas não conseguiremos enquanto todos não fizerem suas partes”, disse Jakab.
Brasil enfrenta surtos de sarampo
Após o sarampo ser considerado erradicado no Brasil em 2016, o País hoje enfrenta dois surtos da doença, segundo boletim divulgado na semana passada pelo Ministério da Saúde: no Amazonas (910 casos confirmados, com duas mortes) e em Roraima (296 casos e quatro mortes). Há casos isolados em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio, Rondônia, Pará e Pernambuco.
O Brasil chegou ao Dia D da campanha de vacinação contra pólio e sarampo, que ocorreu no fim de semana passado, com cerca de 9 milhões de crianças ainda precisando ser imunizadas. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, somente 16% do público-alvo já recebeu uma dose das vacinas.