Criado há um mês pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o projeto Retomada das Livrarias colhe os primeiros frutos e amplia sua forma de arrecadação. A ideia é levantar, com pessoas físicas e jurídicas, dinheiro para ajudar pequenas e microlivrarias prejudicadas pelo fechamento das lojas por cerca de três meses como medida para evitar a disseminação do coronavírus.
Até o momento, já foram arrecadados, por meio de depósitos e transferências, R$ 250 mil. O dinheiro será destinado a 50 livrarias selecionadas entre as mais de 200 que já se inscreveram para receber o auxílio.
Os organizadores esperam aumentar ainda mais esse valor, e o projeto, idealizado pelo livreiro e editor Alexandre Martins Fontes, acaba de ser incluído na plataforma Kickante, de financiamento coletivo. A meta é arrecadar R$ 300 mil nos próximos 24 dias e é possível contribuir com cotas que vão de R$ 10 a R$ 10 mil. Continua, porém, sendo possível fazer a doação diretamente para a conta corrente da Câmara Brasileira do Livro (Itaú, agência 0180, conta 15288-6; CNPJ 60.792.942/0001-81).
Outra campanha de financiamento coletivo em andamento, a +Livros é uma iniciativa do Catarse, que quer criar um fundo de R$ 750 mil para apoiar os pequenos livreiros, mas também autores e editores independentes. A campanha foi lançada no dia 15 já com R$ 430 mil na conta. Hoje, menos de uma semana depois, o saldo ultrapassa R$ 455 mil. As doações podem ser feitas até o dia 19 de agosto e interessados em receber o apoio ainda podem ser inscrever. Como no projeto da CBL, haverá uma seleção.
Enquanto isso, Elisa Ventura, proprietária da Blooks, sem conseguir linha de crédito ou apoio do governo e ainda sofrendo com o fechamento de suas lojas enquanto a concorrência começa a reabrir – só uma, a do Shopping Frei Caneca, está funcionado; as outras estão dentro de cinemas, que seguem fechados -, aceitou a sugestão de um amigo e lançou uma campanha na plataforma Benfeitoria no sábado, 18, à noite.
"Eu não tinha a intenção de fazer isso, mas esse amigo me convenceu dizendo que a Blooks não era só minha, mas um patrimônio do Rio que não podia fechar. Outros amigos se mobilizaram e estão oferecendo coisas como contrapartida", conta. Tradicional no Rio, a livraria de Elisa está presente em São Paulo no Reserva Cultural, além do Frei Caneca.
"Tomar essa decisão foi muito difícil, mas é uma tentativa de sobreviver. Com essa rede de solidariedade e de amor que está sendo formada, já passamos de 10% da meta." Outro efeito positivo do lançamento: no dia seguinte, domingo, 19, as vendas online aumentaram.
A campanha Blooks Resiste tem o objetivo de arrecadar R$ 80 mil até 2 de setembro e aceita contribuições de R$ 30 a R$ 1 mil – neste caso, a contrapartida é um vale no mesmo valor para usar nas lojas.
E se não der certo? "Não posso pensar nisso. Considero fechar loja, sim, mas tenho que conseguir abrir para poder pensar se vou precisar fechar. Estou vivendo o dia seguinte e, agora que outras livrarias já estão funcionando, a situação vai ficando ainda mais difícil. Antes, estávamos no mesmo barco."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>