“No que tange à questão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora a intolerância no Brasil, a qual é resultado da consonância de um governo inobservante à Constituição Federal e uma nação alienada ao extremo.” Assim começa uma das 77 redações que tiraram a nota máxima no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com o tema intolerância religiosa. O espelho das redações foi liberado nesta segunda-feira, 11, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação.
A autora do texto nota mil é a estudante Laryssa Cavalcanti de Barros e Silva, de 17 anos, moradora de Maceió (AL). A estudante fez o exame pela segunda vez e se preparou durante todo o 3.º ano do ensino médio. “Eu participava constantemente de simulados, provas e testes. Fiz todos que o MEC ofereceu pela Hora do Enem (plataforma de estudos).” Ela relata ter feito “mais de 80 redações” ao longo de 2016 para ganhar confiança.
“No começo do ano, eu demorava muito para fazer. Passava em torno de duas horas em cada uma porque buscava o melhor resultado possível. Com o tempo, fui treinando a agilidade, que é imprescindível para uma boa prova”, diz.
A estudante conta que sempre gostou de escrever e ler e teve preparação específica para o Enem. “Para se sair bem, acredito que é preciso compreender a prova e praticá-la.”
Conteúdo. O texto da aluna ressaltou que, apesar de a formação do Brasil ter origem em diferentes crenças, o preconceito é constante, principalmente em relação às religiões de matriz africana. Ela defendeu a realização de protestos organizados pela sociedade civil e a criação de um programa escolar em todo o País, organizado pelo Ministério da Educação, que busque “contemplar as diferenças religiosas e o respeito a elas”, com palestras e peças teatrais que abordem o tema.
A aluna destacou que, para embasar suas redações, costumava “conectar o próprio conteúdo do ensino médio, com referências a História, Filosofia, Literatura e outras áreas”.
“Às vezes, eu assistia documentários no YouTube ou na Netflix”, afirma. Com a nota, ela obteve uma vaga no curso de Direito da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mas só começará a faculdade no segundo semestre deste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.