Em um encontro na noite desta quarta-feira, 26, no Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin recebeu da cúpula nacional do PSB a informação que o partido está “100% fechado” com a candidatura do vice-governador Márcio França ao governo paulista em 2018. A reunião ocorreu dois dias depois de os dirigentes do DEM afirmarem ao tucano que planejam lançar o secretário de Habitação, Rodrigo Garcia, para a sucessão de Alckmin.
“Cem por cento do partido apoia a candidatura de França para o governo de São Paulo e a de Márcio Lacerda (ex-prefeito de Belo Horizonte) em Minas Gerais. Nesses dois Estados é fundamental termos candidatura própria”, afirmou è reportagem o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira (PE).
Alckmin minimizou o movimento dos aliados por candidatura própria. “É legítimo que cada partido queira ter candidato próprio. Você pode ter aliança no primeiro turno, no segundo, em nível federal, em nível estadual”, disse o governador tucano em entrevista no Bandeirantes ao lado do governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) após assinar um termo de cessão de uso de equipamentos hidráulicos ao Distrito Federal.
Questionado sobre uma aliança nacional com o PSB em 2018, Alckmin afirmou que “cada coisa tem seu tempo”, mas que é “sempre bom conversar”.
Impasse
Os movimentos dos dois partidos, que são aliados históricos de Alckmin e integram seu secretariado, porém, criam um impasse para o PSDB, que governa São Paulo há mais de 20 anos. Os tucanos não aceitam um nome de fora do partido para encabeçar a chapa.
Para barrar essa hipótese, o presidente do PSDB paulistano, Mário Covas Neto, pressiona o diretório estadual a antecipar para agosto a abertura das inscrições para os interessados em disputar prévias para 2018.
“Não há possibilidade nenhuma de o PSDB não ter candidato próprio. O partido tem nomes de sobra para apresentar na disputa”, disse o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista. O dirigente citou nomes: o suplente de senador José Aníbal, o senador José Serra, os prefeitos João Doria e Orlando Morando e o secretário da Saúde, David Uip. “Márcio França e Rodrigo Garcia são nossos amigos e aliados. Estaremos juntos no segundo turno”, afirmou Tobias.
Divergências
A avaliação no PSB, que rompeu formalmente com o governo do presidente Michel Temer, é de que não há a possibilidade de reedição na Câmara do bloco da “antiga oposição” – formado por PSDB, DEM, PSB e PPS. Após apoiar o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, esse consórcio se aliou ao deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para elegê-lo presidente da Casa.
“Temos posições diferentes. O PSDB apoia as reformas e nós temos uma posição programática diferente. Em alguns temas pode ser que haja uma posição comum. Mas não vejo uma atuação em bloco”, disse Siqueira.
O dirigente também reclamou do “assédio” do ex-aliado DEM aos deputados do PSB. Pelo menos dez deputados do PSB, entre eles a líder, Tereza Cristina (MS), negociam a mudança de sigla. “O Rodrigo Maia, que é um pretenso presidente da República, poderia estar mais preocupado em discutir com os partidos e a sociedade o enfrentamento da crise do que cooptar deputados”, disse o presidente nacional do PSB.
“Eles estão desgastando intencionalmente o PSB para criar um constrangimento. A líder encaminha na bancada posição contrária à do partido. É uma posição esquizofrênica. Isso é ridículo”, afirmou o deputado Julio Delgado (PSB-MG), crítico ao governo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.